“Papa Francisco deixa um legado de esperança e compromisso com os mais pobres”, diz padre angolano que vive em Feira de Santana
O sacerdote destacou que esse momento é vivido com grande sensibilidade pelas comunidades católicas em todo o mundo.
Na cobertura especial sobre a morte do Papa Francisco e os preparativos para o conclave que escolherá seu sucessor, o padre angolano Vitor Zacarias, da Paróquia Nossa Senhora das Graças, no bairro Cidade Nova, compartilhou suas reflexões sobre o momento vivido pela Igreja Católica e suas expectativas em relação ao novo pontífice.
Padre Vitor, que está em Feira de Santana há vários anos, expressou surpresa e emoção com a notícia da morte do Papa Francisco, especialmente por ter acompanhado sua última aparição pública no Domingo de Páscoa.
“Foi uma surpresa para nós. No Domingo da Ressurreição, ele apareceu, deu aquela saudação ao povo de Deus, e no dia seguinte fez sua Páscoa. Foi algo que nos deixou com dor, mas também com esperança dentro do contexto da ressurreição. Ele sempre nos motivou a viver com esperança, olhando para além do que vivemos, para a eternidade”, afirmou.
O sacerdote destacou que esse momento é vivido com grande sensibilidade pelas comunidades católicas em todo o mundo.
“É um tempo suspenso, que leva consigo um mistério que não conhecemos, mas na esperança de que Deus nunca abandona sua Igreja”, disse.
Sobre o futuro da Igreja e o perfil do novo papa, Padre Vitor acredita na continuidade do magistério iniciado por Francisco, especialmente no que diz respeito à abertura, ao diálogo e à atenção aos mais pobres.
“Esperamos que aquilo que tem sido feito não seja deixado de lado. Que o novo papa dê continuidade ao trabalho de Francisco, como um novo Pentecostes para a Igreja. Que o sucessor de Pedro seja capaz de levar a Igreja a um bom porto, com olhar atento aos sinais do Espírito Santo.”
Diante das especulações sobre a possibilidade de a Igreja eleger, pela primeira vez na história moderna, um papa negro e africano — como o cardeal Peter Turkson, de Gana —, o padre angolano afirmou que o mais importante não é a origem, mas a missão.
“Europeu, africano, asiático ou americano, o que importa é que seja um papa capaz de viver o mandato de Jesus, que é dar a vida eterna a todos, sem exclusão. Que seja alguém capaz de interpretar o contexto atual e conduzir a Igreja ao diálogo com o mundo. Se for africano, será uma alegria, mas que seja sobretudo atento às moções do Espírito Santo.”
Ao comentar o fato de que cerca de 80% dos cardeais eleitores foram nomeados por Francisco, o padre ponderou que, mais do que uma influência política, é o discernimento espiritual que guiará a escolha.
“As escolhas são feitas por discernimento, não apenas dos homens, mas pela iluminação do Espírito Santo. O Papa Francisco foi surpreendente em sua forma de viver o ministério, e muitos que o conheciam antes talvez não imaginassem a dimensão que teria. Os cardeais que foram nomeados por ele viveram esse novo momento da Igreja e, com inteligência espiritual, poderão eleger alguém que continue esse caminho.”
Finalizando a entrevista, Padre Vitor deixou uma mensagem de fé:
“Deus nos dará um novo pastor que nos conduzirá com segurança. Que ele possa ser uma luz dentro do mundo, como o próprio Cristo nos ensinou.”