País está paralisado, afirma francês sobre situação política na França após eleições
Membro da Fondation Jean-Jaurès analisa o impasse político e a incapacidade do governo francês de avançar na aprovação de leis essenciais.
Jean Jacques Kourliandsky, membro da Fondation Jean-Jaurès analisou a situação política da França após uma recente eleição marcada por polarização.
Ele destacou que a eleição trouxe à tona uma vez mais a tensão entre a extrema direita e os blocos de esquerda e centro.
“O país está paralisado. Não há governo funcionando de forma eficaz, e não se sabe como será aprovado o orçamento anual, pois falta um governo para apresentá-lo.”
Jean Jacques explicou que o resultado eleitoral refletiu a crescente frustração com a globalização e a sensação de perda de controle sobre a economia e a política monetária.
“A consequência da globalização é que os estados perdem peso na condução da economia e a política econômica é definida por autoridades exteriores, como em Bruxelas. Isso leva a uma reação do eleitorado que, cada vez mais, vota em partidos de direita ou extrema direita,” afirmou.
Ele também destacou a situação política interna, onde o presidente Emmanuel Macron, inicialmente alinhado com a direita e com um histórico no setor bancário, tentou se posicionar como uma figura mais aberta, mas acabou perdendo a maioria parlamentar.
“Macron tentou unir a direita com a esquerda, mas isso não funcionou. Ele perdeu a maioria parlamentar em 2022 e, ao dissolver o Congresso dos Deputados, encontrou um parlamento dividido em três blocos antagonistas: esquerda unida, direita e extrema direita.”
De acordo com Jean Jacques, a atual situação política é marcada por um impasse em que a falta de consenso dificulta a aprovação de leis importantes, incluindo o orçamento.
“Estamos diante de um vazio institucional perigoso. Se a situação não mudar, o descontentamento social pode levar a novos movimentos de protesto.”
O analista também criticou a decisão de Macron de dissolver o parlamento, que não trouxe a solução esperada.
“A dissolução do parlamento foi uma decisão equivocada. O país está sem uma capacidade efetiva de governar e o problema permanece, mesmo após os Jogos Olímpicos.”
*Com informações de Jorge Biancchi, direto de Paris