Saúde

Oxigenoterapia e antibióticos: A dupla poderosa no tratamento de feridas complexas

A combinação da oxigenoterapia hiperbárica com antibióticos oferece uma recuperação mais rápida e eficaz para pacientes que necessitam de cuidados intensivos.

20/03/2025 11h02
Oxigenoterapia e antibióticos: A dupla poderosa no tratamento de feridas complexas
Foto: Divulgação

No tratamento de feridas complexas, a combinação de oxigenoterapia hiperbárica e antibióticos tem se mostrado uma estratégia eficaz e inovadora. O cirurgião plástico Dr. Marcus Marcel e a dermatologista hiperbarista Dra. Rebeka Galvão falaram sobre o impacto dessa dupla no processo de recuperação.

Dr. Marcus iniciou a conversa destacando que a oxigenoterapia hiperbárica, embora conhecida desde o século XVII, foi validada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) na década de 90. A terapia, que consiste no fornecimento de oxigênio a 100% em um ambiente pressurizado, tem sido utilizada para tratar uma variedade de condições, principalmente feridas complexas.

“A combinação da oxigenoterapia hiperbárica com antibióticos tem um potencial imenso para o tratamento de feridas difíceis. Essa combinação age de forma sinérgica, tratando e prevenindo infecções”, afirmou o médico.

Dra. Rebeka Galvão, com 8 anos de atuação na área em Feira de Santana, detalhou o funcionamento da terapia.

“Na terapia hiperbárica, o paciente respira oxigênio a 100% em um ambiente pressurizado, o que aumenta a concentração de oxigênio no plasma sanguíneo e, consequentemente, nos tecidos, acelerando a cicatrização e a recuperação”, explicou. Ela ressaltou ainda que a terapia não só melhora a cicatrização, mas também estimula a produção de colágeno e a formação de novos vasos sanguíneos, processo conhecido como angiogênese.

A associação entre oxigênio e antibióticos também é destacada como um fator crucial no tratamento de infecções. Dra. Rebeka explicou que o oxigênio concentrado tem um efeito bactericida para algumas bactérias, e sua presença em ambientes com baixa oxigenação potencializa a ação dos antibióticos.

“O oxigênio concentrado cria um ambiente favorável para as células de defesa, aumentando a capacidade do sistema imunológico de eliminar as bactérias. Assim, a combinação da oxigenoterapia com antibióticos pode acelerar a recuperação e melhorar a eficácia do tratamento”, explicou.

Dr. Marcus complementou, afirmando que essa abordagem pode ser especialmente útil para tratar infecções em tecidos com baixa perfusão sanguínea, como em pacientes com diabetes ou doenças vasculares.

“É como se a oxigenoterapia hiperbárica fosse uma ‘injeção de energia’ para o sistema imunológico, tornando-o mais eficiente no combate às infecções”, afirmou.

O tratamento de feridas complexas, como úlceras diabéticas e feridas de difícil cicatrização, é um dos maiores desafios da medicina moderna. Dra. Rebeka e Dr. Marcus destacaram que essas feridas, muitas vezes causadas por condições como diabetes, insuficiência venosa ou infecções ósseas, requerem uma abordagem multifacetada. A oxigenoterapia hiperbárica, combinada com antibióticos, tem mostrado excelentes resultados, principalmente em feridas que não cicatrizam com tratamentos convencionais.

“A terapia é especialmente eficaz para o tratamento do pé diabético, que é uma das maiores causas de amputação no Brasil. A pressão e o oxigênio concentrado ajudam a melhorar a circulação e a combater as infecções, diminuindo significativamente o risco de amputações”, afirmou Dra. Rebeka. Ela também mencionou que a terapia pode ser aplicada em diversas outras condições, como úlceras venosas crônicas e osteomielite, uma infecção óssea que requer longos períodos de antibióticos e cuidados intensivos.

Dr. Marcus destacou que essa combinação também pode reduzir a resistência bacteriana, um problema crescente com o uso prolongado de antibióticos.

“A oxigenoterapia hiperbárica ajuda a diminuir o tempo de uso de antibióticos, evitando a resistência bacteriana e melhorando a qualidade de vida dos pacientes”, completou.

Além de salvar vidas e evitar amputações, o tratamento com oxigenoterapia hiperbárica e antibióticos também é fundamental para a saúde pública, pois pode reduzir custos e diminuir a sobrecarga no Sistema Único de Saúde (SUS). A terapia, que já é uma obrigatoriedade no tratamento de pacientes com pé diabético no SUS, tem o potencial de ampliar suas indicações para uma variedade de outras doenças, como doenças reumáticas e infecções complexas.

Em um mês dedicado às mulheres, Dra. Rebeka e Dr. Marcus comemoraram a oportunidade de compartilhar esse conhecimento valioso, destacando a importância do autocuidado e da busca por tratamentos inovadores e eficazes.

“Os pacientes que enfrentam feridas complexas e infecções difíceis devem considerar a terapia hiperbárica como uma opção viável, pois ela pode acelerar a recuperação e melhorar a qualidade de vida”, concluiu Dra. Rebeka.

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