Saúde

Oftalmologista alerta para os riscos do uso excessivo de telas e crescimento da miopia entre jovens

Um estudo da Organização Mundial da Saúde projeta que, até 2050, metade da população mundial será míope.

04/05/2025 06h20
Oftalmologista alerta para os riscos do uso excessivo de telas e crescimento da miopia entre jovens

Em entrevista ao programa De Olho na Cidade, o médico oftalmologista Dr. Leonardo Pimenta, integrante da equipe da Clinos Hospital de Olhos, falou sobre os impactos da chamada “era das telas” na saúde ocular. Segundo ele, o uso constante de dispositivos como celulares, computadores, tablets e até relógios inteligentes tem provocado um aumento preocupante de sintomas relacionados à fadiga ocular, olho seco e crescimento acelerado da miopia, especialmente entre crianças e adolescentes.

“Essa nova realidade que vivemos hoje cobra muito do nosso sistema ocular. Estamos exigindo demais da nossa visão de perto, e isso tem provocado uma série de queixas nos consultórios”, afirmou Dr. Leonardo.

Dr. Leonardo explicou que a síndrome da visão digital é um conjunto de sintomas provocados pelo uso prolongado de dispositivos eletrônicos. Ardência, cansaço visual, visão borrada e sensação de areia nos olhos são algumas das manifestações mais comuns, geralmente mais intensas ao final do dia.

“O paciente acorda bem, com o sistema óptico descansado, mas ao longo do dia, à medida que usa a visão de perto de forma contínua, começam os sintomas de fadiga ocular.”

Antes associada majoritariamente aos idosos, a síndrome do olho seco tem afetado cada vez mais os jovens. O motivo? A falta de piscar natural durante o uso intenso das telas.

“Ficamos tão focados nas telas que diminuímos a frequência do piscar. Isso reduz a lubrificação dos olhos, o que agrava o problema”, pontuou o especialista.

Para prevenir o problema, o médico recomenda pausas frequentes e a aplicação da chamada regra 20-20-20: a cada 20 minutos de uso de tela, olhar para uma distância de cerca de 6 metros (20 pés) por 20 segundos.

Um dos pontos mais preocupantes da entrevista foi o alerta sobre o crescimento exponencial da miopia, principalmente entre os mais jovens. Dr. Leonardo citou um estudo da Organização Mundial da Saúde que projeta que, até 2050, metade da população mundial será míope.

“A alta miopia é perigosa porque estica o olho além do normal, tornando a retina mais frágil e suscetível a problemas como descolamentos e degenerações”, explicou.

Segundo ele, o cérebro, ao entender que a criança está usando demais a visão de perto, estimula o crescimento do olho. O resultado é um aumento rápido do grau de miopia.

“Na pandemia, atendi crianças que aumentaram até dois graus em apenas um ano. Isso é alarmante.”

Dr. Leonardo também deixou um recado direto aos pais: o uso de telas deve ser monitorado e equilibrado.

“Sugiro fracionar o tempo. Se a criança estiver vendo algo, que seja na TV, e não no celular. E sempre estimular atividades ao ar livre, com exposição à luz natural.”

Ele cita um estudo feito no Japão que mostrou que crianças que passavam mais tempo em áreas externas durante o recreio escolar apresentavam menor progressão da miopia.

O médico comentou sobre o impacto da luz azul emitida pelas telas. Apesar de não haver evidência de que ela provoque danos à retina, o uso prolongado pode causar fadiga ocular e atrapalhar o sono.

“A luz azul interfere na produção da melatonina, dificultando o sono. Usar óculos com filtro para luz azul pode ser benéfico, especialmente para quem trabalha muito tempo em frente às telas.”

Segundo ele, o uso de lentes com filtro é indicado para profissionais que utilizam dispositivos digitais por longos períodos, mas pode ser dispensável em quem vive no campo ou em ambientes com pouco uso de tecnologia.

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