Saúde

Obesidade em mulheres: um desafio crescente para a saúde cardiovascular

Entre as mulheres, a taxa de obesidade gira em torno de 29%, enquanto entre os homens o índice é de aproximadamente 26%.

25/03/2025 08h08
Obesidade em mulheres: um desafio crescente para a saúde cardiovascular

No Momento IDM Cardio desta semana, o cardiologista Dr. Germano Lefundes abordou um tema de grande relevância: a obesidade em mulheres. Segundo o especialista, a doença tem atingido cada vez mais mulheres, com projeções alarmantes para os próximos anos. “O número de pacientes do sexo feminino com sobrepeso e obesidade é maior do que o de homens, e isso é um dado significativo”, destacou.

Atualmente, cerca de 31% da população brasileira está obesa. Se somados os casos de sobrepeso, o percentual sobe para 68%. Entre as mulheres, a taxa de obesidade gira em torno de 29%, enquanto entre os homens o índice é de aproximadamente 26%. No entanto, a previsão para 2030 é preocupante: o número de mulheres obesas pode crescer 46% em relação aos níveis atuais. “Esse aumento é expressivo e reforça a importância de abordarmos o tema com seriedade”, alertou Dr. Germano.

O médico também enfatizou que o tratamento da obesidade deve ser feito com base em terapias seguras e eficazes, evitando métodos duvidosos. “Não estamos falando de soluções milagrosas ou de prescrições irresponsáveis, mas do uso racional de medicações seguras, escolhidas conforme o perfil de cada paciente”.

A obesidade é classificada com base no Índice de Massa Corpórea (IMC), um cálculo simples que relaciona peso e altura ao quadrado. Um IMC acima de 30 caracteriza a obesidade. No entanto, Dr. Germano alertou que esse não é o único critério a ser considerado. “Existem outros parâmetros, como percentual de gordura e exames de bioimpedância, que ajudam a identificar casos não detectados pelo IMC. Por exemplo, uma pessoa com obesidade visceral pode apresentar um IMC normal, mas ainda assim estar em risco”.

A obesidade visceral, que se caracteriza pelo acúmulo de gordura no abdômen e órgãos internos, é especialmente perigosa. Segundo o cardiologista, essa condição aumenta o risco de doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, além de estar associada a doenças metabólicas como diabetes tipo 2. “A gordura visceral é um tecido ativo, que libera substâncias inflamatórias, favorecendo a formação de placas de gordura nos vasos sanguíneos”, explicou.

Com o avanço da idade, as mulheres têm maior tendência a desenvolver obesidade. Isso se deve a mudanças hormonais e metabólicas que reduzem o gasto energético basal. Durante a idade fértil, o acúmulo de gordura ocorre principalmente na região dos quadris e coxas. No entanto, com a aproximação da menopausa, a distribuição da gordura corporal muda, favorecendo o acúmulo no abdômen. “A perimenopausa é um período crítico, pois as alterações hormonais aceleram o acúmulo de gordura visceral, o que pode desencadear esteatose hepática e outras complicações”, alertou Dr. Germano.

Um dos desafios no combate à obesidade é vencer o preconceito e a falta de informação. Muitas vezes, a obesidade é encarada como uma questão de falta de esforço, quando, na verdade, é uma doença complexa com fatores genéticos, hormonais e comportamentais. “O nosso cérebro regula a fome e a saciedade. Simplesmente reduzir a alimentação e aumentar a atividade física não é suficiente para todos os pacientes”, explicou.

Outro obstáculo é a resistência ao uso de medicações. “Muitos pacientes temem a dependência dos medicamentos. Mas, assim como tratamos a hipertensão e o diabetes com remédios, a obesidade também pode exigir tratamento medicamentoso”, ressaltou Dr. Germano.

A preocupação com a estética é um dos fatores que levam mulheres a procurarem ajuda, mas, segundo o especialista, é fundamental que a busca pelo emagrecimento seja guiada pela saúde. “Não basta querer apenas um corpo bonito. A obesidade está ligada a doenças cardiovasculares e até ao aumento do risco de câncer ginecológico”, frisou.

Para evitar práticas perigosas, o cardiologista alertou sobre o uso indevido de medicações e dietas milagrosas. “Muitas pessoas estão recorrendo a tratamentos não aprovados e colocando a saúde em risco. O ideal é buscar orientação médica para um tratamento seguro e eficaz”, concluiu.

Comentários

Leia também

Saúde
Casos de infecções respiratórias aumentam com a chegada do outono e inverno

Casos de infecções respiratórias aumentam com a chegada do outono e inverno

Infectologista da Secretaria de Saúde alerta para a importância da vacina na prevenção ...
Saúde
Nutrologia e cirurgia plástica: união que potencializa resultados e promove saúde de forma integrada

Nutrologia e cirurgia plástica: união que potencializa resultados e promove saúde de forma integrada

Especialistas reforçam a necessidade de uma preparação física, metabólica e nutricional...
Saúde
Exames de imagem garantem mais segurança na jornada da gestante, explica especialista

Exames de imagem garantem mais segurança na jornada da gestante, explica especialista

Maio, mês em que se celebra o Dia das Mães, é também um período simbólico para refletir...