“Obesidade é doença crônica e precisa ser tratada com acolhimento e acompanhamento contínuo”, alerta a nutróloga
A nutróloga destacou um estudo recente que revelou que, mesmo após perder 14% do peso corporal, os pacientes mantêm alterações hormonais que dificultam a manutenção do emagrecimento.
Durante sua participação no quadro Saúde em Pauta, a nutróloga Dra. Aline Jardim fez um importante alerta sobre os desafios e cuidados no tratamento da obesidade, destacando que a condição deve ser encarada como uma doença crônica e multifatorial, e não apenas uma questão estética.
“Precisamos falar com seriedade sobre obesidade. É uma doença que precisa ser tratada com acompanhamento constante, mudanças de hábitos e, muitas vezes, medicação”, pontuou a médica logo no início da entrevista. Após os festejos juninos, ela reforçou a importância de retomar o foco na saúde: “Foi um São João maravilhoso para aproveitar a família, mas agora é hora de pensar em cuidar da saúde”.
A nutróloga destacou um estudo recente que revelou que, mesmo após perder 14% do peso corporal, os pacientes mantêm alterações hormonais que dificultam a manutenção do emagrecimento.
“O corpo luta para voltar ao peso máximo que já teve. Isso acontece por mecanismos hormonais que ainda não compreendemos totalmente. Hormônios como a grelina, que aumenta a fome, e a leptina, que regula a saciedade, continuam alterados mesmo após um ano de emagrecimento”, explicou.
Segundo ela, o cérebro registra o maior peso já alcançado, e o organismo trabalha para manter essa referência.
“É como se o corpo estivesse sempre tentando voltar para aquele peso anterior. Por isso, emagrecer e manter o peso exige vigilância contínua”.
A médica também comentou uma frase marcante de Amber Rue Garcia, dita durante um congresso sobre obesidade: “Tratamento falha. Pessoas, não.”
“Essa frase é muito verdadeira. Muitas vezes culpamos o paciente, mas a falha pode estar na abordagem. O obeso já carrega culpa e julgamento demais. Quando ele não consegue seguir um plano alimentar ou retoma o peso perdido, ele já se cobra. Nosso papel, como profissionais da saúde, é acolher e oferecer novas estratégias”, explicou.
Dra. Aline também falou sobre os medicamentos atualmente aprovados pela Anvisa para o tratamento da obesidade. “Hoje temos opções como Semaglutida (Wegovy), Liraglutida (Saxenda), Tirzepatida (Mounjaro) e associações como Bupropiona com Naltrexona (Contrave), além do tradicional Orlistat”, informou.
No entanto, a médica ressaltou que o custo ainda é um grande obstáculo. “Esses medicamentos são caros e nem todos têm acesso. Precisamos discutir políticas públicas que possibilitem que mais pessoas possam tratar a obesidade adequadamente.”
Questionada sobre a cirurgia bariátrica, a nutróloga disse que ela ainda é uma boa alternativa, mas precisa ser bem indicada e acompanhada.
“A bariátrica não é solução para tudo. Muitos pacientes operam, mas voltam a engordar porque não mudam o estilo de vida. Assim como na medicação, é preciso mudança de comportamento e acompanhamento psicológico e nutricional.”
Ela explicou que muitos pacientes recuperam peso em até cinco anos após a cirurgia. “Não é só operar. É aceitar a condição de doença, cuidar da mente e da alimentação para o resto da vida”, reforçou.
A médica chamou a atenção para um comportamento frequente: a romantização da obesidade com base apenas na aceitação estética.
“É muito bom se amar como você é, mas é preciso olhar para a saúde. Obesidade está relacionada a mais de 280 doenças, como hipertensão, diabetes e problemas articulares. Não é só estética, é uma questão de saúde pública”, alertou.
Ela compartilhou uma história real de uma paciente que se dizia satisfeita com o corpo, mas já tomava vários medicamentos e tinha filhos também com problemas de saúde relacionados à alimentação.
“Mostrei a ela que a mudança precisava acontecer dentro de casa. A filha, de apenas 10 anos, já estava com diabetes. Com mudanças simples na alimentação, perdeu dois quilos em um mês e reverteu o quadro. Isso é prevenção”, celebrou.
Dra. Aline também falou sobre sua própria história. “Fui uma criança obesa até os 12 anos. Queria tomar remédio, mas minha mãe disse que mudaríamos minha alimentação e foi o que transformou minha vida. Hoje, poder compartilhar isso com meus pacientes é uma forma de mostrar que é possível”, disse.
Para a nutróloga, o tratamento da obesidade exige o envolvimento da família e da rede de apoio.
“O paciente obeso precisa de acompanhamento contínuo, como qualquer pessoa com doença crônica. E precisa de apoio da família, na hora da alimentação, das escolhas e do incentivo.”
Ela concluiu com um recado direto: “Não é fácil, mas se a pessoa não tiver um objetivo claro, vai cair. E cair, nesse caso, significa adoecer”.
A profissional deixou seus contatos para quem busca acompanhamento especializado. “Quem quiser pode me seguir no Instagram, no @dralinejardim, ou procurar nossa equipe no @institutodaplasticafeira. Lá cuidamos da saúde física e emocional de forma integrada”, concluiu.