“O objetivo é inibir a interlocução entre presos e o meio externo”, destaca coordenador sobre Operação Angerona
Segundo o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Execução Penal, bloquear o sinal de telefonia móvel dentro das unidades prisionais é uma das medidas em curso, porém, enfrenta obstáculos.
A operação Angerona, que ocorre no Complexo do Presídio Regional de Feira de Santana nesta segunda-feira (21), faz parte de um conjunto de ações estruturadas para o enfrentamento da criminalidade organizada, especialmente aquela que tem origem dentro dos presídios. O coordenador do Grupo de Atuação Especial de Execução Penal (Gaep), Edmundo Reis, falou sobre o objetivo da operação, destacando a necessidade de cortar a comunicação entre presos e o mundo externo.
“Essa operação tem o objetivo de inibir o quanto possível essa interlocução entre o meio de privação de liberdade e o meio externo, cortar a comunicação”, explicou Edmundo Reis em entrevista ao programa Cidade em Pauta da Rádio Nordeste FM. Ele também reforçou que a ação é parte de um esforço conjunto entre as Secretarias de Administração Prisional, a Secretaria de Segurança Pública e o Ministério Público. “É um esforço para unir forças no enfrentamento à criminalidade organizada, sobretudo essa que tem matriz prisional.”
O coordenador explicou que essa operação é apenas uma das várias ações que estão sendo realizadas em presídios por todo o estado da Bahia.
“Já foram feitas operações dessa mesma natureza em Itabuna, Valença e agora em Feira de Santana. Faz parte de uma ação estruturada do Estado para combater a criminalidade de maneira sistêmica, organizada e estruturada.”
O aumento do uso de tecnologias avançadas dentro dos presídios, como a comunicação por celulares, torna o combate ao crime ainda mais desafiador. Segundo o coordenador, bloquear o sinal de telefonia móvel dentro das unidades prisionais é uma das medidas em curso, porém, enfrenta obstáculos.
“A evolução tecnológica dos aparelhos de telefonia móvel ocorre em uma velocidade muito grande, e essa velocidade não é acompanhada pela burocracia do Estado.”
Além disso, Edmundo destacou os problemas estruturais do sistema prisional brasileiro, como a falta de um perímetro de segurança adequado ao redor dos presídios, o que dificulta a eficácia de bloqueadores de sinal.
“Hoje, o preso consegue, mesmo estando preso, fazer uma interação com sua organização criminosa”, afirmou, ressaltando a urgência de maiores investimentos em tecnologia para inibir essa comunicação.
A operação Angerona ainda está em andamento e, segundo Edmundo, os procedimentos de revista ainda não foram concluídos.
“Estamos nos procedimentos de revista. Há todo um processo que é burocratizado porque você tem que manter a cadeia de custódia”, explicou, referindo-se à necessidade de seguir protocolos rigorosos ao apreender possíveis materiais ilegais dentro das celas.
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