Neurologista explica uso da toxina botulínica no tratamento da salivação excessiva
Existem alternativas iniciais de tratamento, como medicações e pomadas, mas quando essas opções não apresentam resultado, a toxina botulínica pode ser indicada.
O quadro Neuroreabilitação em Pauta, do programa Cidade em Pauta, recebeu o neurologista Dr. Tarsis Farias para falar sobre um tema pouco discutido, mas que afeta a qualidade de vida de muitos pacientes: a salivação excessiva.
Segundo o especialista, o problema é mais comum em pacientes com doenças neurológicas.
“A salivação excessiva é relativamente comum em pacientes neurológicos, geralmente ligada a alterações da deglutição. A pessoa tem dificuldade para engolir, a saliva transborda, e isso pode favorecer infecções, além de gerar grande desconforto. Por isso, deve ser tratada o mais cedo possível”, explicou o médico.
Dr. Tarsis ressaltou que existem alternativas iniciais de tratamento, como medicações e pomadas, mas quando essas opções não apresentam resultado, a toxina botulínica pode ser indicada.
“Nos casos em que o paciente não responde às terapias convencionais, podemos lançar mão da toxina botulínica. Aplicada diretamente nas glândulas salivares, ela tem uma taxa de eficácia de cerca de 80%, o que representa um avanço importante”, destacou.
O neurologista explicou ainda que o procedimento deve ser feito com ultrassom, garantindo precisão na aplicação.
“Hoje o ultrassom é essencial para guiar a agulha até a glândula correta. O efeito da toxina dura em média de três a quatro meses, sendo necessária a reaplicação nesse período”, informou.
Outro ponto enfatizado foi a importância da atuação multidisciplinar.
“Esse tratamento precisa do acompanhamento de profissionais como fonoaudiólogos, que ajudam a treinar a musculatura e a reabilitar a deglutição. Muitas vezes, a combinação de toxina botulínica com fisioterapia e fonoterapia potencializa os resultados”, disse.
Aos familiares que convivem com pacientes nesse quadro, o neurologista fez um alerta.
“Muitas vezes se pensa que a salivação é apenas um incômodo, mas ela pode trazer riscos sérios, como pneumonia por aspiração e até sufocamento. Por isso, qualquer sinal de excesso deve ser avaliado por um profissional”, alertou.