Neurocirurgião explica hematoma subdural que levou presidente Lula à cirurgia de emergência
Dr. Silvério Calaça explicou que esse tipo de sangramento ocorre entre o cérebro e a dura-máter, uma camada protetora, devido a uma ruptura venosa.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi submetido a uma cirurgia de emergência nesta terça-feira (10) para tratar um hematoma subdural, consequência de um traumatismo craniano sofrido em outubro. O neurocirurgião Dr. Silvério Calaça explicou que esse tipo de sangramento ocorre entre o cérebro e a dura-máter, uma camada protetora, devido a uma ruptura venosa.
“O sangramento é lento, como uma torneira gotejando. Pode levar semanas ou até meses para causar sintomas, como dor de cabeça, dificuldade para falar ou caminhar, e alterações de força, que muitas vezes simulam um AVC”, esclareceu o médico. No caso de Lula, o diagnóstico precoce possibilitou uma intervenção cirúrgica rápida e eficaz, reduzindo os riscos de complicações.
O que é o hematoma subdural e como é tratado?
De acordo com o Dr. Silvério, o hematoma subdural é comum em idosos que sofrem traumas cranianos, mesmo leves.
“Com o tempo, o sangue se acumula entre o cérebro e a dura-máter, comprimindo estruturas cerebrais. Quando não tratado, pode causar desvio cerebral e risco de morte”, explicou.
A solução, nesses casos, é a craniotomia para drenar o sangue acumulado. “O procedimento resolve o problema definitivamente. Não houve lesão no cérebro do presidente, apenas o sangramento entre as camadas protetoras”, ressaltou.
O especialista destacou a diferença entre o caso de Lula e um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico.
“No hematoma subdural, o sangramento é venoso e ocorre fora do cérebro. Já no AVC hemorrágico, o sangramento é arterial e acontece dentro do cérebro, geralmente causado por pressão alta”, esclareceu.
Recuperação e prevenção
Após o procedimento, Lula segue em recuperação estável. Ele ficará cerca de 48 horas na UTI e, em poucos dias, deve retomar suas atividades. “Casos tratados precocemente têm uma recuperação mais rápida e segura”, afirmou.
O episódio reforça a importância de procurar atendimento médico ao notar sintomas como dores de cabeça persistentes após quedas. “O diagnóstico precoce foi crucial no caso do presidente, e isso vale para qualquer pessoa. Ignorar sinais pode agravar a situação”, concluiu o neurocirurgião.