Neurociência e arquitetura: Arquiteta explica como a ciência do comportamento está transformando o design dos espaços
Cada detalhe do projeto é pensado para promover bem-estar, seja em ambientes residenciais, comerciais ou públicos.
No quadro Home News do programa Jornal do Meio Dia da Rádio Princesa FM, o tema foi a aplicação da neurociência à arquitetura, um campo inovador que está revolucionando a forma como ambientes são projetados para melhorar a qualidade de vida. Para discutir o assunto, o programa recebeu a arquiteta Milla Oliveira, especialista em neuroarquitetura e arquitetura da saúde.
“A neuroarquitetura é a união entre neurociência e arquitetura, com o objetivo de identificar o impacto que os espaços construídos têm sobre os indivíduos”, explicou Milla. Segundo a especialista, cada detalhe do projeto é pensado para promover bem-estar, seja em ambientes residenciais, comerciais ou públicos.
Milla destacou que a neuroarquitetura considera profundamente o comportamento humano.
“Essas técnicas permitem entender as necessidades das pessoas que habitarão o espaço, desde conforto e ventilação até aspectos mais profundos, como a personalidade dos moradores”, disse.
Ela também ressaltou que essa abordagem começou no setor comercial, para entender o público-alvo e otimizar vendas, mas hoje é amplamente utilizada em residências e outros ambientes.
A iluminação, um aspecto fundamental da arquitetura, foi apontada como crucial para o bem-estar.
“Uma má iluminação pode causar problemas de saúde. Por isso, calculamos com precisão o fluxo luminoso necessário para cada ambiente”, afirmou Milla. Ela alertou sobre erros comuns, como fachadas com iluminação excessivamente forte ou jardins iluminados com luz verde. “É questão de técnica, não apenas estética”, reforçou.
Outro ponto abordado foi a escolha de cores. “A cor impacta diretamente o estado emocional das pessoas. Além dos aspectos químicos e físicos, ela resgata memórias afetivas, podendo até remeter a traumas. Por isso, cada projeto considera o histórico cultural e emocional dos usuários”, explicou.
Nos ambientes comerciais, por outro lado, as cores são escolhidas com objetivos claros, como incentivar vendas ou estimular criatividade.
“Não existe moda para cor, mas sim a necessidade de atender ao público-alvo”, pontuou a arquiteta.
Nos espaços públicos, a neuroarquitetura valoriza a reconexão com a natureza.
“Nós somos parte da natureza, mas perdemos isso nos espaços construídos. Hoje, trazemos elementos como madeira, pedra e vegetação para dentro dos projetos. Além disso, parques e áreas verdes são essenciais para a saúde da cidade e dos cidadãos”, afirmou Milla,
Milla também é especialista em arquitetura da saúde, área que utiliza a neuroarquitetura para melhorar ambientes hospitalares e laboratoriais.
“Já foi comprovado que ambientes bem projetados podem melhorar em até 80% a recuperação dos pacientes. Jardins nos hospitais e janelas nas UTIs, por exemplo, ajudam a regular o ciclo biológico”, explicou.
A arquiteta finalizou destacando o impacto da arquitetura na qualidade de vida. “As pessoas não imaginam o quanto um projeto bem feito pode transformar sua rotina, desde o conforto acústico até a funcionalidade dos espaços”, concluiu.
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