Mulheres no teatro: Atriz destaca desafios e conquistas em cena
Júlia Lorrana iniciou sua trajetória no teatro aos 13 anos, no Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), e atualmente integra o Grupo Recorte de Teatro e a Cia Única de Teatro.
No Dia Mundial do Teatro, celebrado nesta quinta-feira (27), destacamos a presença e a participação feminina nessa arte milenar. Para falar sobre essa trajetória, conversamos com Júlia Lorrana, estudante de Jornalismo e licenciatura em Teatro pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Júlia iniciou sua trajetória no teatro aos 13 anos, no Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), e atualmente integra o Grupo Recorte de Teatro e a Cia Única de Teatro. Ao longo dos anos, acumulou experiência em espetáculos, festivais e projetos audiovisuais.
A presença feminina no teatro é marcante, mas ainda há desafios. “Desde quando a gente entra para fazer uma oficina, um curso, vemos muitas mulheres atuando, mas em cargos de direção e produção são poucas. Quando vejo uma mulher nesses papéis, fico muito feliz em conhecer e acompanhar seu trabalho”, destacou Júlia.
O teatro, embora um espaço de liberdade, ainda carrega estereótipos e preconceitos. Júlia comenta que um dos principais desafios é o reconhecimento da profissão.
“O teatro já não é visto com bons olhos como trabalho sério, e quando uma mulher se propõe a atuar, muitas vezes confundem essa liberdade com libertinagem. Historicamente, as mulheres no teatro já foram vistas como inadequadas para esse espaço”, pontua.
Além disso, o teatro também se tornou um espaço de luta. “Tenho espetáculos que falam sobre violência contra a mulher, e isso mostra como o teatro nos permite levar nossas dores e reivindicações para o palco. A arte tem esse poder de verbalizar e tornar visíveis questões importantes”, ressalta a atriz.
Mesmo diante dos desafios, as conquistas são expressivas. Júlia celebra o fato de conseguir viver da arte.
“No Brasil, onde o teatro, a dança e a música são pouco valorizados, poder se manter trabalhando com isso já é um grande feito”, afirma.
Ela também destaca a importância do reconhecimento de artistas femininas no cenário nacional, citando a recente vitória de Fernanda Torres no Oscar.
“No dia da premiação, eu estava em Salvador e fui ao Pelourinho assistir com outros artistas. Foi emocionante ver todo mundo torcendo por uma mulher que, assim como muitas de nós, teve o teatro como base. Esse reconhecimento nos faz acreditar que é possível alcançar novos espaços.”
O teatro também exerce um papel fundamental no empoderamento feminino. “A arte me permitiu enxergar o mundo de outra forma. No teatro, estudamos, debatemos e nos questionamos. Ele nos dá voz para discutir questões sociais e políticas. Espetáculos sobre violência contra a mulher, por exemplo, não apenas retratam a realidade, mas também despertam reflexões no público”, diz Júlia.
Ela reforça que, em Feira de Santana e no interior da Bahia, ainda há um longo caminho a percorrer, mas já existem grandes referências femininas na área.
“Precisamos fortalecer esse movimento e incentivar mais mulheres a ocupar espaços técnicos e de gestão no teatro.”
Para Júlia, a luta por mais representatividade continua. “Quem sabe, um dia, possamos reunir essa mulherada toda e criar um grande projeto? O teatro é um espaço de resistência e transformação, e as mulheres estão cada vez mais firmes nessa caminhada.”