Pesquisa pioneira na Bahia resgata trajetória das primeiras mulheres no radiojornalismo esportivo de Salvador
A apresentação foi realizada na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), marcando um avanço importante nas discussões sobre gênero e comunicação no estado.
No dia 25 de abril de 2025, a jornalista e pesquisadora Emanueli Marques Pilger defendeu, na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), a primeira dissertação de mestrado do estado dedicada a investigar a presença, os desafios e as estratégias de resistência das mulheres no radiojornalismo esportivo das emissoras de Salvador.
Intitulada “Protagonismos e Resistências: A Voz Feminina no Rádio Esportivo nas Emissoras de Salvador”, a pesquisa foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFRB, na área de concentração em Mídia e Formatos Narrativos e na linha de pesquisa Comunicação e Memória. O trabalho contou com orientação da Profa. Dra. Hérica Lene Oliveira Brito e coorientação do Prof. Dr. Francisco Alves dos Santos Junior.
A partir da metodologia da História Oral, Emanueli reconstruiu um panorama inédito sobre a inserção das mulheres na cobertura esportiva radiofônica da capital baiana, revelando trajetórias marcadas por enfrentamentos ao machismo estrutural, estratégias de permanência e legado profissional.
A pesquisa ouviu nomes fundamentais para a história do jornalismo esportivo no estado e no país. Isaura Maria, por exemplo, é considerada a primeira mulher repórter de campo em uma emissora FM na Bahia, tendo iniciado sua carreira em 1980. Selma Moraes começou sua trajetória ainda antes, em 1978, na redação do jornal A Tarde, onde atuou por duas décadas. Além da cobertura de automobilismo, destacou-se também no futebol como a primeira mulher setorista do jornal, acompanhando o Esporte Clube Bahia por seis anos.
Outra entrevistada de destaque é Heloisa Braga, considerada uma das primeiras mulheres no Brasil a cobrir futebol diretamente dos estádios. Em 1986, ela reportou a Copa do Mundo para a Rádio Bandeirantes, rompendo barreiras em uma cobertura internacional ainda majoritariamente masculina.
A dissertação também resgata as vozes de Cris Menezes e Manuela Avena, pioneiras na narração esportiva no rádio baiano — uma função historicamente ocupada por homens. Suas experiências contribuem para o entendimento dos caminhos que têm sido trilhados por mulheres que ousam ocupar o microfone com autoridade e paixão pelo esporte.
Embora existam estudos semelhantes em outras regiões do Brasil, como em Santa Catarina e Manaus, não foram encontrados registros de pesquisas anteriores com foco específico na capital baiana ou no estado da Bahia que tratem da presença e resistência das mulheres no radiojornalismo esportivo.
Ao reunir essas histórias, a pesquisa se firma como uma contribuição relevante para os estudos de gênero e comunicação, além de representar um marco no reconhecimento e valorização da memória de mulheres que abriram caminhos e desafiaram fronteiras em um dos espaços mais resistentes à presença feminina: o rádio esportivo.