Mulheres na gestão financeira e empreendedorismo: Superando desafios e conquistando espaço
Gabriela Trindade compartilhou dados reveladores sobre a evolução do número de mulheres em cargos de liderança no Brasil
Em entrevista ao projeto Março Mulher no programa Jornal do Meio Dia (rádio Princesa FM), Gabriela Trindade, contadora e especialista em planejamento tributário da Inovare Contabilidade, abordou sobre a crescente participação das mulheres na gestão financeira de empresas. Ela compartilhou dados reveladores sobre a evolução do número de mulheres em cargos de liderança no Brasil, como nas diretorias financeiras. Embora o número de mulheres nesses cargos tenha crescido de 13% para 18%, ainda é um percentual pequeno, especialmente se comparado à participação feminina em cargos de CEO, que é de apenas 6%.
“O perfil feminino tem ganhado espaço nessas posições de liderança financeira justamente pela nossa visão detalhada e menos arriscada nas decisões, o que é historicamente associado à figura feminina”, diz Gabriela “Historicamente, a mulher sempre teve um papel mais conservador, e isso tem sido um diferencial nas empresas.”
Em relação ao empreendedorismo feminino, Gabriela compartilhou dados que apontam o Brasil como um dos países com maior número de mulheres empreendedoras, ocupando a 7ª posição mundial. No entanto, apesar da grande quantidade de empreendedoras, o volume de negócios gerados ainda é pequeno, refletindo as dificuldades enfrentadas pelas mulheres, como a escassez de tempo devido às responsabilidades familiares e a dificuldade de acesso a crédito.
“Embora o Brasil tenha um número elevado de mulheres empreendedoras, estamos em 60º lugar em volume de negócios. O acesso ao crédito ainda é uma grande barreira. As taxas oferecidas para as mulheres, muitas vezes, são mais altas e há um histórico de resistência dos bancos em liberar crédito para elas”, destaca Gabriela.
Ela também citou o PRODETER, um programa do Banco do Nordeste voltado para o desenvolvimento do empreendedorismo feminino, como uma das iniciativas que têm ajudado a superar esses obstáculos. Além disso, o SEBRAE também tem se mostrado um grande parceiro na capacitação e apoio a mulheres empreendedoras.
Outro tópico abordado foi a recente medida do governo federal, que obriga empresas com mais de 100 funcionários a divulgar semestralmente relatórios sobre a relação salarial entre homens e mulheres, com o objetivo de fiscalizar e reduzir a disparidade salarial.
“Isso é um avanço. O governo está criando políticas públicas para promover a igualdade salarial, e empresas como o Banco do Brasil, que agora tem uma mulher como presidente, são um reflexo dessa mudança”, explica Gabriela.
Ela acredita que, embora ainda haja muito a fazer, a evolução já é visível.
“Antigamente, minha tia não tinha CPF próprio, ele estava no nome do esposo. Hoje, as mulheres têm autonomia financeira e um espaço significativo no mercado de trabalho”, diz Gabriela, destacando o progresso nas últimas décadas.
Porém, ela alerta que ainda há muito a ser feito, especialmente em relação ao equilíbrio entre as múltiplas funções que as mulheres desempenham. Gabriela compartilhou um pensamento importante sobre a necessidade de equilíbrio entre as demandas familiares e profissionais.
“Não é fácil empreender, e quando se tem uma família, isso se torna um desafio ainda maior. É fundamental ter inteligência emocional para lidar com as demandas familiares e os problemas do trabalho, sem se abater”, conclui Gabriela, ressaltando a importância de buscar apoio e equilíbrio na gestão das diversas responsabilidades.