Economia

Mudança nas regras da Caixa Econômica impacta financiamentos imobiliários: “A Caixa põe o pé no freio”, diz especialista

Aumento da entrada mínima e restrições impactam clientes, mas alternativas surgem no mercado

29/10/2024 09h46
Mudança nas regras da Caixa Econômica impacta financiamentos imobiliários: “A Caixa põe o pé no freio”, diz especialista

Nas últimas semanas, o mercado imobiliário se deparou com mudanças significativas nas regras de financiamento da Caixa Econômica Federal, e as novas diretrizes trouxeram reações mistas entre compradores e investidores do setor. Humberto Mascarenhas, especialista no mercado de imóveis, em entrevista ao programa Cidade em Pauta (rádio Nordeste FM), detalhou os novos ajustes que limitam o acesso ao crédito imobiliário, incluindo a redução no número de financiamentos por pessoa, novos limites de valor e alterações nas exigências de entrada.

“A Caixa anunciou que, a partir de 1º de novembro, passa a financiar imóveis com valor máximo de até R$ 1,5 milhão. Para imóveis acima desse valor, quem busca um financiamento terá que procurar outras instituições,” explica. Ele ainda esclarece que quem já está com o contrato em processo de formalização até o final de outubro ainda pode usufruir das regras anteriores. “Se o contrato for assinado até o dia 31, a pessoa se enquadra nas regras antigas; depois disso, entra na nova regulamentação,” afirma.

Além do teto para os imóveis, a Caixa também definiu um limite de participação nos financiamentos.

“Antes, era possível financiar até 80% do valor do imóvel, agora o percentual máximo é de 70%, ou até 50%, dependendo da modalidade. Então, para quem está comprando um imóvel de R$ 1 milhão, ao invés de dar R$ 200 mil de entrada, vai precisar desembolsar R$ 300 mil ou até metade do valor do imóvel no ato da compra, conforme a modalidade escolhida,” detalha Humberto, alertando que essas mudanças podem permanecer até o final do ano.

A motivação para as mudanças está relacionada ao aquecimento acima do esperado no mercado de crédito. Segundo Humberto, o volume de financiamento imobiliário pela Caixa em 2024 já superou a meta anual, com mais de 627 mil contratos firmados até setembro, o que representa um crescimento de 28,6% em relação ao mesmo período do ano passado.

“Isso significa que o orçamento da Caixa para este ano já se esgotou antes do previsto, e é comum que as instituições financeiras recuem e ajustem as condições de financiamento nesse cenário,” comenta o especialista.

Aqueles que possuem financiamentos já em andamento, no entanto, podem ficar tranquilos. “Para quem já está pagando, não muda nada. A Caixa mantém as condições do contrato inicial até o final,” esclarece. Ele também destaca que a linha de crédito do programa Minha Casa Minha Vida não será impactada, visto que o governo ainda oferece subsídios e condições facilitadas para essa modalidade.

Para quem ainda busca realizar o sonho da casa própria, Humberto recomenda paciência e pesquisa, uma vez que outras instituições financeiras estão prontas para captar essa demanda.

“A Caixa domina mais de 70% dos financiamentos no Brasil, mas há concorrência. Bancos privados e fintechs estão se movimentando e podem oferecer condições atrativas. É importante não descartar essas alternativas,” enfatiza.

Com o aumento da demanda e os recursos cada vez mais limitados, o setor financeiro estuda maneiras de viabilizar a expansão do crédito imobiliário.

“No próximo mês, a Associação de Bancos realizará uma reunião para discutir novas fontes de recursos para o financiamento imobiliário, já que a caderneta de poupança e o FGTS, que são os principais fundos para essas operações, estão perto do limite,” explica Humberto.

Para ele, o mercado imobiliário brasileiro ainda possui grande potencial de crescimento. “O crédito imobiliário no Brasil representa cerca de 9% do PIB, enquanto em outros países chega a até 70%. Temos espaço para crescer, mas será preciso estabilidade econômica e novas fontes de recursos para que isso aconteça,” conclui Humberto, reforçando que o caminho para a casa própria está passando por mudanças, mas ainda é viável para os brasileiros.

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