Movimentos Negros e Quilombolas de Feira marcham em memória de Mãe Bernadete
Líder quilombola foi assassinada no dia 17 deste mês
Movimentos Negros e Quilombolas realizaram uma marcha silenciosa na manhã desta terça-feira (29) em memória de Maria Bernadete Pacífico, líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, assassinada no dia 17 de agosto. Os participantes se concentraram na frente da Câmara de Vereadores e seguirão até o Fórum F. Bastos.
A manifestação reuniu diferentes representantes e apoiadores da causa,. Em seu discurso, o presidente do Conselho das Comunidades Negras e Indígenas de Feira de Santana (Condecmi), Aristides Maltez, chamou atenção para a busca de respostas e justiça no caso.
“O meu discurso é revoltado justamente para as autoridades, para as partes governamentais, tanto municipal, estadual e a governamental em si, em busca de resposta por tal atrocidade. Mãe Bernadete não só era quilombola e alorixá, ela era mulher. Estamos num modismo onde tornou-se cultural tirar e ceifar a vida de mulheres. Então, o feminicídio não diminui, ele está crescente e está se desenvolvendo cada dia mais nas pessoas em população de cor negra e população carente”, disse o líder em entrevista ao De Olho na Cidade
O líder ainda destaca que é essencial continuar pautando o combate ao racismo e ao orgulho dos povos negros: “Não podemos permitir que o nosso povo seja roubado novamente e hoje o que estão nos roubando é a própria vida”, salienta Aristides.
Conhecida como Mãe Bernadete, a líder de 72 anos, foi assassinada com 12 tiros no município de Simões Filho, na região metropolitana de Salvador, após um grupo ter invadido sua a casa e ter feitos seus parentes de reféns. O caso segue sendo investigado, mas, estipula-se que motivação do crime pode ter relação à atuação em defesa do quilombo e das terras que ocupava.
Além de protestar por justiça, a marcha chamou atenção para o combate a violência de pessoas negras, como enfatiza Marinalda Soares, da rede nacional de combate à violência às mulheres negras do Brasil.
“Estamos aqui para dar apoio a nós, povos negros, e para uma reforçar a memória da morte brutal da Mãe Bernadete. Nossa rede atua fazendo planejamentos com as mulheres, palestras, rodas de conversas e convencendo a elas que nós não podemos estar sendo vítimas de violência tanto dentro de casa quanto fora, até mesmo no ambiente de trabalho. Aqui em Feira nós estamos querendo promover essa igualdade de direitos, as mulheres precisam conquistar mais ainda. Principalmente, as mulheres que vivem nas periferias e não se reconhecem ainda quanto pessoas têm esses valores e direitos”, explica a participante .
*com informações do repórter Robson Nascimento