“Morte do Papa Francisco comove o mundo e deixa legado de humildade e paz”, afirma Padre Gerson
Juiz Eclesiástico do Tribunal Católico destaca impacto espiritual e humano da partida do pontífice, lembrando sua simplicidade, amor pelos pobres e papel decisivo no diálogo global
A morte do Papa Francisco abalou o mundo e provocou forte comoção em todas as partes do planeta. O Padre Dr. Gerson Figueiredo, juiz eclesiástico do Tribunal Católico, falou sobre a dimensão da perda e o profundo impacto espiritual e simbólico deixado por um Papa que será lembrado pela simplicidade e compromisso com os mais necessitados.
“A morte do Papa Francisco pega-nos a todos de surpresa, sobretudo porque, no domingo da Páscoa, ele fez questão de saudar os fiéis na Praça São Pedro. Dormimos com a boa notícia de um Papa vigoroso e acordamos com a triste notícia do seu falecimento. Um momento difícil para todos os católicos, mas também para o mundo todo”, afirmou o padre.
Segundo o Padre Gerson, o Papa Francisco representou mais do que uma liderança religiosa. Foi uma figura de transformação espiritual e social.
“Ele deixa um legado representativo de um homem humano, de profundo diálogo com a humanidade. O carinho do Papa pelos pobres, pelos imigrantes, pelos desvalidos, fazia governos e instituições repensarem sua forma de ver o outro”, pontuou.
O religioso ressaltou que Francisco foi um Papa do seu tempo, fiel ao Evangelho e comprometido com os desafios contemporâneos.
“Ele não se autopromovia. Promovia Jesus, o Evangelho, os ritos da Santa Missa. Sua presença era poderosa exatamente por essa humildade”.
Padre Gerson relembrou os momentos em que esteve próximo do Papa, durante seus anos de estudo em Roma.
“Tive a graça de concelebrar missas e distribuir a Eucaristia em celebrações presididas por ele. É uma emoção indescritível. Ele passava por nós quase tocando a batina, sempre sereno, sempre humilde”.
Em sua análise, o juiz eclesiástico destacou um ensinamento importante deixado por Francisco: o dever do clero de apontar para Cristo e não para si mesmo.
“Ele deixa para o clero o legado da não autopromoção. Apontava sempre para Cristo. Esse é o nosso chamado, essa é a nossa vida”, disse.
Com sete cardeais brasileiros aptos a votar no conclave, cresce a especulação sobre a eleição de um Papa do Brasil.
“É uma possibilidade, mas é uma eleição profundamente guiada pelo Espírito Santo. Não são os discípulos que escolhem Pedro. É Cristo quem escolhe. Assim foi e assim continuará sendo”.
O Padre Gerson comentou ainda sobre o testamento deixado por Francisco, ressaltando seu pedido para ser enterrado de forma simples, sem ostentação, na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.
“O Papa Francisco pediu para não ser sepultado no túmulo dos papas, mas no chão da Basílica, sem mausoléu. Isso nos comove, mas não surpreende. Ele foi simples até o fim. Um Papa que, em tudo, apontou para o Cristo servo e humilde”.
O sacerdote recordou a firme atuação do Papa em temas como os direitos humanos, liberdade religiosa, combate ao racismo e às guerras.
“O Papa Francisco teve a coragem de dizer que estamos vivendo uma terceira guerra mundial fragmentada. Agora, com a tensão crescente no mundo, sua voz de paz faz ainda mais falta. Ele foi um humanitário em nome da fé, em nome de Cristo”.
O sacerdote também mencionou as duas grandes encíclicas de Francisco – Evangelii Gaudium e Laudato Si’ –, que marcaram profundamente sua mensagem à Igreja e ao mundo.
“Ele nos ensinou o valor do encontro, da dignidade humana e da criação. Um Papa que será lembrado não só pela Igreja, mas por toda a humanidade”.