A estomaterapeuta e feridóloga Dra. Áquilla Chahinne esclareceu mitos e verdades sobre o tratamento de feridas. A especialista destacou a importância de buscar atendimento especializado, sobretudo para feridas de difícil cicatrização, como as causadas pelo diabetes.

“É importantíssimo que as pessoas tenham acesso à informação correta. A gente vê muita gente desmotivada, achando que não tem jeito. Mas, quando não se cuida, o sofrimento é maior e o risco de complicações, como infecções e amputações, aumenta muito”, alertou Dra. Áquilla.

Segundo ela, a cada 20 segundos ocorre uma amputação no mundo, muitas delas associadas a complicações do diabetes. A falta de conhecimento e o uso de métodos caseiros podem agravar o problema.

“Muitos pacientes tentam tratar com o que têm em casa, mas essas receitas populares, na maioria das vezes, pioram o quadro”, explicou.

Feridas devem “respirar”? Mito!

Um dos mitos mais comuns, segundo a especialista, é o de que as feridas precisam ficar descobertas para “respirar”.

“Deixar a ferida exposta facilita a entrada de sujeira, bactérias e insetos. Isso aumenta o risco de infecção”, explicou, lembrando que essa prática foi abandonada há décadas. “Estudos já comprovaram que feridas cobertas cicatrizam até duas vezes mais rápido que as descobertas.”

Café, pasta de dente e chá: cuidado!

Receitas populares como uso de pó de café, pasta de dente ou chá diretamente no ferimento foram fortemente desencorajadas pela médica.

“Embora o café tenha propriedades antimicrobianas, ele pode conter fungos ou bactérias que causam infecção. Já vimos feridas agravadas por conta disso”, contou.

Ela também alertou sobre o uso de plantas como o barbatimão. “Recebemos uma paciente com ferida grave. Ela usava barbatimão com álcool, e levamos três semanas para remover todos os resíduos do ferimento, que acabou sendo queimado pelo uso inadequado.”

Mel e ervas só com controle profissional

O mel, outro ingrediente frequentemente apontado como cicatrizante, também não deve ser aplicado diretamente.

“Existem produtos à base de mel, como o mel de manuka, mas eles são industrializados, estéreis e preparados para uso médico. Não é o mesmo que tirar o mel do pote e colocar na ferida.”

Água oxigenada e álcool: desuso médico

A limpeza com água oxigenada ou álcool também caiu em desuso.

“Água oxigenada pode até matar algumas bactérias, mas agride células saudáveis e atrasa a cicatrização. O álcool, além de arder muito, queima a pele sensível ao redor do ferimento.”

O soro fisiológico é, segundo a especialista, uma das opções mais seguras para higienização básica de feridas.

Casquinha nem sempre é bom sinal

Outro ponto discutido foi sobre a formação de casquinhas nas feridas. “Em ferimentos superficiais, como escoriações, a casquinha pode ser parte do processo de cicatrização. Mas, em feridas mais profundas, principalmente em diabéticos ou idosos, essa casca pode ser, na verdade, necrose — um tecido morto que precisa ser removido com técnica profissional.”

Alimentação faz toda a diferença

A alimentação, segundo Dra. Áquilla, influencia diretamente na recuperação. “Proteínas, vitamina C e ferro auxiliam na cicatrização. Já o excesso de açúcar, gordura e carboidratos pode prejudicar o processo.”

Trocar curativo o tempo todo ajuda?

Nem sempre. “Se for um curativo com pomada ou gel simples, a troca pode ser diária, uma ou no máximo duas vezes por dia. Mas mexer demais no ferimento atrapalha o ambiente ideal para a cicatrização”, explicou.

Dra. Áquilla também destacou o trabalho realizado pela Clínica Dr. Curativos, onde atua com uma equipe especializada.

“Nosso objetivo é desenvolver planos de tratamento personalizados, com tecnologia de ponta. Atendemos muitos pacientes com pé diabético, feridas venosas, úlceras e outros quadros graves.”

A Clínica Dr. Curativos fica localizada na Avenida Getúlio Vargas, nº 792, Edifício Ícone, 11º andar, sala 1107. Informações e agendamentos podem ser feitos pelo número (75) 99300-9473.

“Você não precisa sofrer sozinho. Cuidar corretamente pode evitar amputações, infecções e salvar vidas”, finalizou a especialista.