Mesmo com taxação dos EUA, Frifeira mantém ritmo de produção e prevê maior oferta de carne no mercado interno
Segundo levantamento da própria cooperativa, o volume de abate continua estável, com média entre 380 e 400 bois por dia
Mesmo diante das recentes medidas de taxação sobre a carne bovina brasileira pelos Estados Unidos, o frigorífico Frifeira, administrado pela Cooperfeira e localizado no distrito de Humildes, em Feira de Santana, segue com sua produção inalterada. Segundo levantamento da própria cooperativa, o volume de abate continua estável, com média entre 380 e 400 bois por dia — o que representa de 8 mil a 8,5 mil animais abatidos por mês.
“O volume se mantém estável. Até agora, não houve alteração significativa. Oscilações pontuais em um ou outro dia da semana são normais no nosso processo”, afirma Agenor Campos, diretor da Cooperfeira, em entrevista ao Jornal do Meio Dia da Rádio Princesa FM.
Agenor reconhece, no entanto, a apreensão do setor diante do impacto da medida norte-americana, que deve incidir principalmente sobre estados exportadores, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sendo este último o maior exportador de carne bovina do país.
“A Bahia não é um estado exportador de carne bovina. O frigorífico Frifeira, por exemplo, abate para o consumo interno. Mas, caso os grandes exportadores fiquem com excedente, esse volume pode ser redirecionado ao mercado interno, afetando os preços”, alerta.
Os Estados Unidos representam atualmente cerca de 14% das exportações brasileiras de carne bovina, com foco em cortes de segunda, utilizados principalmente para hambúrgueres e alimentos processados.
Com a possível redistribuição da carne que seria exportada para os EUA para o mercado interno, Agenor acredita que o consumidor final pode ser beneficiado. “Com mais carne disponível no mercado, naturalmente o preço tende a cair”, avalia.
Na última semana, a arroba do boi foi comercializada a R$ 290,00, mas nesta semana o valor caiu para R$ 280,00 — uma redução de 3,45%. O diretor, contudo, atribui a queda a um fator sazonal.
“É comum que haja uma retração nos preços no fim do mês, quando o consumo de carne diminui porque o orçamento das famílias está mais apertado, à espera do próximo salário”, explica.
Com experiência no setor pecuário, Agenor Campos acredita que o impacto da taxação será mais severo para os próprios americanos do que para o Brasil. Segundo ele, o rebanho bovino dos Estados Unidos vem diminuindo, e o país depende da carne brasileira, argentina e uruguaia para suprir sua demanda interna.
“O americano vai sofrer com essa diminuição da oferta. Nós temos a carne mais barata do mercado mundial. Enquanto o preço da tonelada exportada por outros países gira em torno de 100 dólares, a nossa está em cerca de 50 dólares”, afirma.
A Cooperfeira também destaca que a maior parte da carne bovina baiana tem origem na região oeste do estado. Municípios como Santa Rita de Cássia, Luís Eduardo Magalhães e Formosa do Rio Preto são os principais fornecedores de gado para abate. Santa Rita de Cássia, inclusive, possui o maior rebanho do estado.
“A produção se expandiu muito por conta do crescimento do cultivo de grãos na região, que favoreceu o confinamento e a engorda de bois com ração de qualidade”, explica Agenor.
Apesar de Feira de Santana ter perdido território rural nos últimos anos, a cidade ainda é central no escoamento da carne, já que muitos produtores locais mantêm suas propriedades nos municípios vizinhos, mas abastecem os frigoríficos de Feira.
Agenor reforçou o compromisso da Cooperfeira com o consumidor: “Nós estamos atentos a todos esses movimentos do mercado, e a Frifeira segue firme, garantindo qualidade e abastecimento ao povo baiano”.
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