Médico destaca trajetória, desafios e avanços tecnológicos do Cedapi em Feira de Santana
O Cedapi segue como uma das referências em diagnóstico e anatomia patológica em Feira de Santana e região.

O quadro Hora do Empreendedorismo desta semana trouxe um olhar especial sobre a área médica em Feira de Santana, com a participação do médico patologista Dr. Bruno Pires, fundador e diretor do Cedapi, que completa 25 anos de atuação no município. O especialista compartilhou detalhes sobre sua trajetória profissional, os desafios da gestão em saúde e as inovações tecnológicas que vêm transformando a rotina do laboratório.
“Eu sou natural de Feira de Santana, fiz medicina na Universidade Federal da Bahia e depois precisei enfrentar um dos maiores desafios da minha carreira: passar na residência de anatomia patológica na Unicamp, onde só havia três vagas. Foram dois anos de preparação intensa até conseguir a aprovação”, relembrou.
Após três anos de formação e seis meses de aprimoramento, Dr. Bruno retornou à cidade natal e inaugurou o Cedapi em setembro de 2001.
“O início foi muito difícil. Patologistas geralmente trabalham em equipe, e eu comecei praticamente sozinho. Enviava casos para professores à distância, pedindo opiniões, para garantir a qualidade dos diagnósticos”, contou.
Com o tempo, o laboratório cresceu e montou uma equipe sólida. Hoje, o Cedapi conta com 13 patologistas e uma estrutura moderna. Segundo o médico, a especialidade ainda enfrenta carência de profissionais.
“É uma área pouco difundida nos cursos de medicina, e isso torna difícil atrair patologistas qualificados para o interior. Mas conseguimos montar uma equipe comprometida e técnica”, destacou.
Além da atuação médica, Bruno Pires falou sobre o equilíbrio entre o trabalho clínico e a administração de uma empresa de saúde.
“Na faculdade de medicina, não existe nenhuma disciplina sobre gestão. Eu precisei aprender com os erros. Quando a empresa cresceu, profissionalizamos a administração com a chegada de uma gestora, o que fez toda a diferença”, explicou.
Ele também ressaltou a importância de manter valores humanos no cuidado e na liderança. “Na área médica, é essencial ter perfeccionismo, comprometimento, equilíbrio emocional e humildade. Saber ouvir os colegas e manter o foco no benefício do paciente é o que garante diagnósticos corretos e relações de trabalho saudáveis”, afirmou.
Nos últimos anos, o Cedapi passou por uma grande modernização tecnológica. “Implantamos um sistema específico para anatomia patológica, desenvolvido com base em um modelo da Universidade de Harvard, que faz o rastreamento completo das amostras por QR Code, garantindo segurança e eficiência”, explicou.
Além disso, o laboratório automatizou o processamento e a coloração de lâminas e investiu em um scanner digital que permite a leitura e armazenamento das imagens na nuvem.
“Isso possibilitou ampliar a equipe, com patologistas atuando em home office, em cidades como Salvador, Petrolina e até Minas Gerais. Eles acessam as lâminas online e discutem os casos comigo. Foi um salto enorme de produtividade e qualidade”, comemorou.
Para os próximos anos, Dr. Bruno planeja expandir as parcerias e desenvolver subespecialidades dentro do laboratório.
“Estamos montando uma rede de patologistas especializados em áreas como neuropatologia e hepatologia. A ideia é que cada profissional atue com foco e excelência em sua área, mesmo à distância”, explicou.
Outra meta é ampliar as parcerias com clínicas e laboratórios do interior da Bahia, consolidando o Cedapi como uma referência regional.
“Hoje já atendemos cidades como Alagoinhas, Serrinha e Ipirá. A proposta é seguir expandindo essa rede de serviços”, completou.
Encerrando a entrevista, Dr. Bruno Pires deixou uma mensagem aos jovens médicos. “Nada resiste a um trabalho bem feito. É preciso paciência, resiliência e dedicação. Muitos querem resultados imediatos, mas na medicina o reconhecimento vem com o tempo e com o compromisso ético. Escolher uma boa residência e buscar formação sólida é essencial”, aconselhou.
Ele também manifestou preocupação com a atual formação médica no Brasil. “Há uma proliferação de faculdades privadas e muitos profissionais estão se formando sem a devida qualificação. O mercado está saturado e a remuneração caiu. É preciso repensar o modelo de formação médica no país”, alertou.







