Uma manifestação realizada na manhã desta terça-feira (27), na Câmara Municipal de Feira de Santana, reuniu representantes de movimentos sociais, advogadas, integrantes do Centro de Convivência Dona Zazinha e membros da comunidade em apoio à permanência da delegada Clécia Vasconcelos na titularidade da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM).

A mobilização aconteceu após a publicação oficial da exoneração da delegada no Diário Oficial do Estado da Bahia para assumir a Delegacia para o Adolescente Infrator (DAI). Em seu lugar, quem assume a Deam é a delegada Luana Lorena Costa Almeida, que antes atuava na 2ª Delegacia Territorial (DT).

Entre os depoimentos, dona Rosa Figueredo e Tânia Maria Magalhães, que integram o Centro de Convivência Dona Zazinha, destacaram o papel fundamental de Clécia na defesa dos direitos das mulheres, especialmente das idosas.

“Ela é uma guerreira. Nós precisamos dela aqui, sempre. Os idosos enfrentam muitas violências, inclusive dentro de casa e é ela que está sempre disponível, sempre nos apoia. A gente confia nela e precisa dela na DEAM”, afirmou.

A advogada Carla Pacheco também esteve presente e fez um apelo pela permanência da delegada.

“Nossa manifestação é para que Dra. Clécia continue à frente da DEAM. Ela tem mais de dez anos de atuação no combate à violência contra a mulher em Feira de Santana, com ações que vão além da delegacia: caminhadas de conscientização, projetos sociais como o Varal Solidário, que acolhe mulheres em situação de vulnerabilidade, fornecendo roupas, itens de higiene e alimentos. Esse trabalho não pode ser interrompido”, declarou.

Carla destacou ainda que a exoneração surpreendeu a comunidade. “Estamos falando de uma profissional com vasta experiência na área, que conhece a realidade das mulheres do município e desenvolve projetos que salvam vidas. A saída dela representa um retrocesso no enfrentamento à violência doméstica.”

A também advogada Flávia Pacheco reforçou a importância da delegada para a segurança das mulheres.

“O trabalho de Dra. Clécia é premiado, reconhecido e consolidado. Ela é mestre na área, domina amplamente a Lei Maria da Penha e realiza um atendimento humanizado, que acolhe as vítimas. Antes, muitas mulheres tinham medo de denunciar. Hoje, com ela, encontram apoio e coragem para procurar ajuda”, afirmou.

Dart Clair, presidente da União Brasileira de Mulheres (UBM), alertou para o impacto negativo que a saída de Clécia pode causar.

“Ela conhece a realidade das mulheres de Feira, tem um trabalho de excelência e é próxima dos movimentos sociais. Com a DEAM Itinerante, ela levava o atendimento para os distritos, para mais perto das mulheres. A última caminhada organizada por ela reuniu mais de 20 mil pessoas e arrecadou mais de 12 mil cestas básicas. Retirar ela agora é quebrar um elo importante da rede de proteção”, lamentou.

Segundo Dart Clair, uma moção com milhares de assinaturas já foi entregue ao governador Jerônimo Rodrigues solicitando a permanência da delegada.

“A rede de enfrentamento à violência contra a mulher em Feira é uma das mais fortes do estado, e Dra. Clécia tem papel fundamental nisso. Sua saída pode enfraquecer essa rede, e nós não podemos permitir esse retrocesso.”

*Com informações da repórter Isabel Bomfim

Leia também:

Delegada Clécia Vasconcelos deixa Deam e assume comando da Delegacia do Adolescente Infrator

Reestruturação na Polícia Civil muda comando de delegacias em Feira de Santana