Junho Violeta alerta para o ceratocone: coçar os olhos é um dos principais fatores de risco, alerta oftalmologista
A campanha Junho Violeta segue durante todo o mês com ações de orientação, exames e atendimentos em diversas unidades de saúde.
Durante todo o mês de junho, a campanha Junho Violeta mobiliza profissionais da saúde e a população para promover a conscientização sobre o ceratocone – uma doença ocular progressiva que pode comprometer seriamente a visão, caso não seja diagnosticada e tratada precocemente.
O oftalmologista Dr. Flávio Lopes explicou o que é o ceratocone, seus sintomas, fatores de risco e as formas de prevenção e tratamento.
“O ceratocone é uma alteração da córnea, que é a parte transparente localizada na frente da parte colorida dos nossos olhos. Essa alteração leva a uma deformidade da córnea, que vai ficando mais pontiaguda, no formato de um cone – daí o nome da doença”, explicou o médico.
Segundo ele, a condição é mais comum em pacientes jovens.
“O principal sintoma é a visão ruim. Pacientes com ceratocone geralmente apresentam baixa acuidade visual e astigmatismo alto. Quando um jovem tem astigmatismo elevado, o oftalmologista precisa estar atento à possibilidade de ceratocone.”
Um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento da doença é o hábito de coçar os olhos, especialmente em pessoas com predisposição genética.
“Se há histórico familiar de ceratocone e a criança coça muito os olhos, o risco de desenvolver a doença é muito grande. É comum ver casos de irmãos ou primos com ceratocone na mesma família”, alertou.
De acordo com Dr. Flávio, a principal forma de prevenção é simples, mas essencial: evitar coçar os olhos. Para isso, colírios lubrificantes e antialérgicos podem ser indicados, e em alguns casos, o acompanhamento com um otorrinolaringologista é importante para controlar a rinite alérgica.
“Diminuir a vontade de coçar os olhos pode retardar ou até evitar que a doença progrida”, disse.
Quando o diagnóstico é confirmado, há diferentes opções de tratamento, dependendo da gravidade do caso.
“Podemos iniciar com óculos em casos mais leves. Em outros, as lentes de contato – principalmente as lentes rígidas especiais – oferecem excelente qualidade visual. Muitos pacientes vivem bem com essas lentes por toda a vida, sem necessidade de outros procedimentos.”
Em casos de progressão rápida, há procedimentos mais avançados como o crosslinking, um tratamento com laser que fortalece a córnea para evitar que a deformação avance.
“Nos casos mais graves, pode ser necessário realizar um transplante de córnea, em que a córnea alterada é substituída por uma córnea saudável de um doador. Mas isso é sempre a última opção”, reforçou.
A dica do oftalmologista para quem tem ceratocone ou histórico familiar é clara:
“Evite coçar os olhos. Use colírios lubrificantes, trate a rinite e, em caso de suspeita da doença, procure um oftalmologista. O diagnóstico precoce é fundamental para garantir uma boa qualidade de vida e preservar a visão.”
*Com informações da repórter Isabel Bomfim