Jubileu é ponto de partida para vocações, afirma padre brasileiro em Roma
Professor universitário e formador no Colégio Internacional de Roma, padre Claudiano acompanhou de perto a movimentação intensa da juventude católica
Em meio à grande celebração do Jubileu dos Jovens, que reuniu fiéis de 136 países em Roma e terminou com uma emocionante missa presidida pelo Papa Leão XIV, o jornalista Jorge Biancchi conversou com o padre Claudiano de Aragão Lima, natural de Porto da Folha (SE) e residente há cinco anos na capital italiana.
Professor universitário e formador no Colégio Internacional de Roma, padre Claudiano acompanhou de perto a movimentação intensa da juventude católica e compartilhou suas impressões sobre o evento e os caminhos da Igreja com o novo pontífice.
“Foi um grande desafio. Nós acolhemos mais de 400 jovens. Eles chegaram cansados, mas no cansaço se encontrava felicidade. Os jovens queriam ver o Papa, de perto ou de longe. Sem ele, não estariam completos”, contou.
A celebração de encerramento, realizada em Tor Vergata, foi marcada por forte calor e por uma vigília na noite anterior. Para padre Claudiano, o momento foi essencial para reacender nos jovens o sentido da vida:
“O Papa Leão chamou atenção para o Cristo ressuscitado. O Jubileu precisa reacender nos jovens a busca por sentido. Sem Cristo, a juventude fica desnorteada. O Papa tocou em temas importantes, como a psicologia, a cristologia e o mundo do trabalho. Creio que esses serão os eixos da sua futura encíclica.”
Sobre o futuro da juventude católica após o Jubileu, o padre acredita que a experiência vivida agora servirá como uma reserva espiritual para os próximos anos:
“Essa chama acesa vai ficar gravada no interior de cada jovem. Quando os desafios surgirem, eles vão revisitar essa experiência como um santuário interno. E daqui a dois anos, o reencontro acontece na Jornada Mundial da Juventude da Coreia do Sul, já anunciada.”
Mas o padre também chama atenção para um marco ainda mais importante: o ano 2033.
“Vamos celebrar os dois mil anos da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Se em 2000 celebramos o nascimento, em 2033 será a fundação da Igreja. Com certeza, será um jubileu extraordinário.”
Legado de Francisco e os primeiros passos de Leão XIV
Padre Claudiano também refletiu sobre a transição entre os pontificados de Francisco e Leão XIV.
“O Papa Francisco foi a figura moral mais respeitada do mundo. Agora, esse legado foi transmitido ao Papa Leão, que já se apresenta como o Papa da paz e da unidade. Ele busca diálogo entre nações e trabalha pela união dentro e fora da Igreja.”
Segundo ele, o Vaticano pode voltar a ser um espaço de articulação entre países:
“Nenhuma nação tem a autoridade moral do Papa. Ele não comanda exércitos, mas lidera pelo espírito. O mundo precisa de paz, e o Papa está aberto ao diálogo.”
Durante o Jubileu, o padre acolheu jovens da Ucrânia, Faixa de Gaza e Rússia, convivendo juntos, mesmo em meio a conflitos que dividem seus países.
“A Igreja ensina que somos um só em Cristo. Aqui, vi jovens da Terra Santa vivendo juntos. A guerra dos grandes não pode contaminar o coração dos pequenos. A Igreja representa essa comunhão na diversidade.”
Missão como professor e formador
Morando em Roma há cinco anos, padre Claudiano também relatou sua atuação acadêmica e pastoral.
“Vim para fazer o mestrado, depois o doutorado. Hoje sou professor universitário aprovado pelo Vaticano e formador de jovens carmelitas de diversos países — Índia, Madagascar, Líbano, África. Recentemente consegui bolsas para dois brasileiros. É uma missão exigente, mas gratificante.”
*Com informações de Jorge Biancchi, direto de Roma