Jerônimo discute impacto da possível isenção de taxas dos EUA sobre produtos baianos e defende diálogo para ampliar mercados
O governador revelou que tem mantido contato direto com empresários baianos para entender as necessidades do setor produtivo.
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, comentou nesta quarta-feira (30) sobre a possibilidade de o governo dos Estados Unidos reduzir a zero as tarifas para produtos como laranja, cacau e manga. A medida, caso confirmada, pode representar um alívio significativo para produtores baianos, especialmente os do setor de frutas do semiárido.
Em entrevista, Jerônimo afirmou que o governo está atento aos desdobramentos e já realiza articulações para proteger os produtores.
“Espero que esses anúncios venham cada vez de forma positiva. Ontem mesmo conversei com o senador Jaques Wagner, que está otimista. Precisamos garantir que os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos se encontrem para fortalecer esse diálogo. A relação é diplomática. O presidente Lula nunca negou agenda com nenhum presidente, ainda mais com um país tão importante para a economia mundial”, disse.
O governador revelou que tem mantido contato direto com empresários baianos para entender as necessidades do setor produtivo.
“No sábado retrasado, estive em Juazeiro na terceira reunião com o setor produtivo. Um dos produtores de manga alertou: ‘temos agora em agosto uma colheita que é específica para exportação aos EUA e, com essa incerteza, não há condições de pagar para exportar’”, contou Jerônimo.
Segundo o produtor mencionado, a manga desenvolvida é fruto de anos de pesquisa para atender o paladar norte-americano e seu custo de produção é muito superior ao das mangas comercializadas no mercado interno.
“É um produto que chega a custar trinta, quarenta reais o quilo. Não se pode simplesmente virar a chave e redirecionar para outro mercado. São contratos fechados com até três anos de antecedência”, explicou o governador.
Diante do cenário, Jerônimo destacou a importância da diversificação dos mercados. “Na economia, existe a máxima de que não se deve colocar todos os ovos em uma cesta só. Precisamos buscar novos importadores. A Bahia exporta celulose, mel, frutas, minérios. É uma pauta diversa, mas vulnerável. Estamos buscando soluções com apoio federal”, afirmou.
O governador disse ainda que já esteve em Brasília e conversou com o ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, conseguindo a instalação de um escritório da Apex-Brasil na Bahia. “É uma estrutura que vai apoiar o estado na abertura de novos mercados. Precisamos dessa conexão global.”
Por fim, ele garantiu estar à disposição dos produtores. “Hoje pela manhã falei com o Rui para ver como podemos agregar forças a uma luta nacional. Os empresários estão mobilizados, e o governo está ao lado deles para enfrentar esse desafio”, concluiu.
A medida dos Estados Unidos ainda estão programadas para acontecer a partir de 01 de agosto.
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Angelo Almeida, também comentou a situação e reforçou a necessidade de ampliar mercados e fortalecer a competitividade da produção baiana. Segundo ele, a atual dependência de mercados como o dos Estados Unidos expõe os produtores a riscos desnecessários.
“Não faz sentido termos um produto altamente qualificado, como a manga do Vale do São Francisco, que atende com excelência o mercado americano, e não termos credenciais para ampliar essa distribuição a países como Peru, Bolívia, Colômbia e outros da América Latina e do Caribe. Estamos fazendo os ajustes necessários para dar mais competitividade e capilaridade aos nossos produtos”, afirmou Angelo.
O secretário destacou como avanço a instalação do escritório da Apex-Brasil na Bahia, que vai trabalhar em parceria com o Sebrae na abertura de novos mercados para produtos baianos.
“Isso é resultado direto da articulação do governo. Já identificávamos a dependência do mercado americano, e esse episódio só reforça a urgência de diversificar os destinos da nossa produção. O baiano sabe superar desafios. Superamos uma pandemia, e agora vamos enfrentar essa crise com criatividade, articulação e muito trabalho”, concluiu.
*Com informações do repórter Rafael Marques