Política

Jerônimo critica tarifa de Trump e defende soberania do Brasil: “Não somos quintal dos EUA”

Ele alertou para os impactos diretos na economia da Bahia, especialmente no setor de exportação agrícola.

17/07/2025 17h41
Jerônimo critica tarifa de Trump e defende soberania do Brasil: “Não somos quintal dos EUA”
Foto: Divulgação

Durante agenda ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Juazeiro, nesta quinta-feira (17), o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, fez críticas às tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros, e alertou para os impactos diretos na economia da Bahia, especialmente no setor de exportação agrícola.

Jerônimo destacou a importância da soberania nacional nas relações internacionais e repudiou qualquer tentativa de imposição unilateral por parte de outras nações.

“Você imagina se um prefeito resolvesse mandar no município vizinho, ou um governo do estado tentasse mandar no outro? É isso que está acontecendo. Quando um país resolve mandar no outro, é uma violação de soberania em todos os aspectos”, afirmou o governador.

Ao citar a relação entre Brasil e Estados Unidos, ele foi direto: “O Brasil não é quintal dos Estados Unidos. Nós temos soberania. O presidente Lula já disse isso. Não vamos aceitar esse tipo de intervenção”.

Jerônimo classificou a medida como prejudicial ao setor produtivo baiano, especialmente aos pequenos e médios exportadores.

“Você imagina os empresários que exportam mangas, mel e outros produtos para os Estados Unidos, que construíram contratos baseados em regras estáveis, agora verem essas regras mudarem no meio do jogo. Isso paralisa os contêineres nos portos, atrasa a entrega, encarece o produto e ameaça empregos”, explicou.

O governador também fez questão de frisar o impacto social das tarifas: “O mel, por exemplo, é produzido em grande parte por agricultores familiares, e não por grandes produtores do agronegócio. São centenas de famílias que dependem dessa renda. Se os contratos forem desfeitos, essas pessoas perdem a principal fonte de sustento”.

Ele relatou que já iniciou articulações para tentar conter os prejuízos. “Na segunda-feira me reuni em Salvador com representantes do setor produtivo na Federação das Indústrias. Chamei o agronegócio, o comércio, a hotelaria, para entender o que cada setor tem enfrentado. Levei essas informações ao presidente Lula, e estamos agindo em conjunto”, disse.

Jerônimo elogiou a postura do governo federal diante do problema. “O Lula teve uma atitude muito firme, sem rancor, mas com reciprocidade. Se os Estados Unidos aplicarem uma tarifa, o Brasil também vai aplicar uma tarifa de 50%. Isso não é um tarifaço, é reciprocidade e o vice-presidente Geraldo Alckmin já foi designado para mediar essa situação. O Congresso brasileiro também vai se movimentar para conversar com o Congresso norte-americano. As tentativas são muitas. Eu torço para que a gente resolva”.

O governador ainda criticou declarações recentes em defesa das tarifas feitas por um dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Ontem à noite vi uma entrevista com o filho do ex-presidente defendendo o tarifaço. Não entendi. Foram três minutos de fala e não consegui compreender qual a motivação para um brasileiro dizer que está certo penalizar o Brasil. Isso me parece um comportamento que vai contra o nosso povo e contra os empregos do nosso país. O Brasil não será terreiro dos norte-americanos. Nós somos patriotas e vamos defender nosso país e nossa economia com firmeza”, desabafou.

*Com informações do repórter André Silva

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