Saúde

Janeiro Branco: Psicóloga destaca a importância da saúde mental e do autocuidado emocional

Profissional ressalta a importância de um olhar atento à saúde mental, principalmente no início do ano, quando o estresse e a ansiedade tendem a aflorar

11/01/2025 18h05
Janeiro Branco: Psicóloga destaca a importância da saúde mental e do autocuidado emocional

O início do ano traz consigo a reflexão sobre os objetivos e metas que queremos alcançar. Em 2014, a campanha Janeiro Branco foi criada com o intuito de incentivar a reflexão sobre o bem-estar psicológico, desmistificar preconceitos em torno da saúde mental e promover o autocuidado emocional. Em entrevista ao programa Jornal do Meio Dia da Rádio Princesa FM, a psicóloga Brenda Vanin explicou a importância da campanha para a conscientização sobre a saúde mental.

“Este é um tema extremamente importante e necessário. O Janeiro Branco nos permite começar o ano falando sobre saúde mental, um assunto fundamental para nossa qualidade de vida”, destacou Brenda. Ela explicou que a escolha do mês de janeiro para essa campanha tem uma razão simbólica: “No final do ano, todo mundo costuma estabelecer metas, como emagrecer, fazer terapia, ou buscar equilíbrio. Janeiro é o mês de recomeço, e a cor branca simboliza uma página em branco, uma oportunidade de escrever uma nova história”.

Quando questionada sobre os principais desafios para cuidar da saúde mental, Brenda ressaltou a persistência de tabus e estigmas que ainda cercam a terapia psicológica. “As pessoas ainda associam o tratamento psicológico a algo exclusivo de quem está ‘doente’. Há uma dificuldade em entender que a terapia é para todos, não apenas para quem está passando por grandes crises”, afirmou.

Ela explicou que a falta de tempo para cuidar de si mesma também é um grande desafio. “Vivemos em um ritmo acelerado e muitas vezes não nos damos tempo para parar e refletir sobre nossos sentimentos e emoções. A questão de se priorizar e perceber os sinais do nosso corpo e mente é fundamental.”

Brenda também enfatizou a importância da identificação precoce de sinais de desequilíbrio emocional. “Não existe uma regra pronta, mas quando o sofrimento começa a afetar várias áreas da vida, como o trabalho, relacionamentos e a relação consigo mesmo, é um sinal de alerta. Sentimentos prolongados de angústia, ansiedade ou tristeza, por exemplo, merecem atenção profissional”, explicou.

Nos dias atuais, muitas pessoas buscam soluções rápidas e, por vezes, a inteligência artificial (IA) tem sido utilizada como uma alternativa para lidar com questões emocionais. “Embora pareça cômodo, isso é problemático. A IA pode fornecer respostas rápidas, mas não tem a capacidade de entender e cativar a pessoa com empatia. A experiência humana requer mais do que um checklist de sintomas”, comentou Brenda sobre a crescente utilização da IA em consultas de saúde mental.

Ela alertou sobre o risco de se automedicar emocionalmente. “Com tanta informação disponível, muitas pessoas se autodiagnosticam e buscam soluções rápidas, mas a terapia oferece uma escuta qualificada e ferramentas para lidar com as questões de forma profunda e eficaz”, destacou.

Brenda também tocou em um ponto importante relacionado à velocidade da vida moderna e o impacto disso na saúde mental: o tédio. “Hoje, as pessoas têm medo de sentir tédio. Estamos tão acostumados a estar ocupados, sempre conectados, que não conseguimos mais parar e apenas existir no momento”, afirmou.

Ela explicou que a sobrecarga de informações e estímulos constantes, como as redes sociais, podem gerar um nível elevado de ansiedade e estresse. “Vivemos uma pressão para estar sempre conectados, assistir tudo, saber tudo, o tempo inteiro. Isso cria uma sensação de urgência e um cansaço mental profundo. O descanso mental é crucial, e muitas vezes, as pessoas não entendem que é parte do trabalho descansar e ‘descarregar’ a mente.”

Um conceito que ainda gera bastante debate é a ideia de que algumas pessoas acreditam que podem lidar com seus problemas emocionais sozinhas. “Já ouvi muitas pessoas dizendo que não precisam de terapia porque ‘falam sozinhas’. Isso demonstra a desvalorização da psicologia, que, embora esteja regulamentada há mais de 60 anos no Brasil, ainda é vista com certa resistência”, comentou Brenda.

Ela comparou a terapia ao cuidado com a saúde física. “Se você tem um problema no dente, vai ao dentista. Se está com dificuldades emocionais, por que não procurar um psicólogo? A terapia é uma ferramenta poderosa para lidar com os sentimentos e melhorar a qualidade de vida”, concluiu.

A psicóloga reforçou a importância de buscar ajuda profissional quando necessário, principalmente quando os desafios emocionais começam a interferir na vida cotidiana. “A terapia é uma oportunidade de cuidar da sua saúde mental de forma mais profunda e consciente, ajudando a escrever uma história emocional mais equilibrada e saudável.”

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