Hospital Clériston Andrade lidera número de captações de órgãos na Bahia
A conquista é fruto do trabalho da Organização de Procura de Órgãos (OPO), coordenada pela médica Elissama Sena, que destaca os avanços e desafios enfrentados na conscientização e no aumento das doações.
O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em Feira de Santana, consolidou-se como referência estadual em captação de órgãos em 2024, liderando pelo segundo ano consecutivo o ranking na Bahia. A conquista é fruto do trabalho da Organização de Procura de Órgãos (OPO), coordenada pela médica Elissama Sena, que destaca os avanços e desafios enfrentados na conscientização e no aumento das doações.
“Estamos em um processo de evolução crescente. Ficamos em destaque no estado, mas ainda temos muito a melhorar. Nossa taxa de conversão é de cerca de 40%, o que significa que seis em cada dez famílias recusam a doação de órgãos. Esse é um dos maiores desafios que enfrentamos”, explicou a Dra. Elissama.
O processo de captação de órgãos
De acordo com a coordenadora, a captação de órgãos envolve uma série de etapas complexas. Para ser um doador, é necessário que o paciente tenha o diagnóstico de morte encefálica, que ocorre quando o cérebro para de funcionar, ainda que os demais órgãos permaneçam ativos por um período, com o auxílio de aparelhos.
“Após o diagnóstico, realizamos uma avaliação clínica e sorológica, e, se o paciente for apto, entramos em contato com a família para explicar que ele pode salvar até oito vidas com a doação de órgãos. Esse processo é feito com o apoio de uma equipe multidisciplinar que inclui médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos e até maqueiros. Cada profissional tem um papel crucial para que tudo funcione”, detalhou.
A Dra. Elissama também destacou a importância do papel da família nesse processo.
“Mesmo que a pessoa manifeste o desejo de ser doador, a autorização final é da família. Por isso, é fundamental que as pessoas conversem com seus familiares sobre esse desejo. Nenhum de nós está isento de enfrentar situações inesperadas, como acidentes ou lesões cerebrais graves”, alertou.
Atuação da OPO em Feira de Santana e região
A OPO do Clériston Andrade atua não apenas em Feira de Santana, mas também em municípios como Alagoinhas, Santo Antônio de Jesus e Ribeira do Pombal. Ela é responsável por realizar diagnósticos de morte encefálica, organizar a logística para exames em Salvador e coordenar o processo de captação junto à Central Estadual de Transplantes.
“Apesar de sermos destaque estadual, ainda enfrentamos desafios como a ausência de um psicólogo exclusivo para o acolhimento das famílias, o que poderia melhorar a comunicação e reduzir recusas. Nosso objetivo para 2025 é investir na capacitação das equipes e ampliar a conscientização da população sobre a importância da doação”, destacou Dra. Elissama.
Religião e doação de órgãos
Outro ponto frequentemente abordado é o impacto da religião na decisão das famílias. Segundo a coordenadora, não há restrições religiosas para a doação de órgãos. “Católicos, evangélicos, espíritas, budistas, judeus, religiões de matriz africana e até testemunhas de Jeová já autorizaram doações. É uma questão de percepção e conhecimento sobre o processo, e momentos como este, de diálogo, ajudam a quebrar barreiras”, afirmou.
Perspectivas para 2025
Com o reconhecimento estadual, o Clériston Andrade busca aumentar a taxa de conversão e reduzir a fila de espera por transplantes.
“Queremos capacitar as equipes para diagnósticos mais rápidos e eficientes, além de fortalecer as campanhas de conscientização. Quanto mais as pessoas entenderem a importância da doação, menos recusas teremos e mais vidas poderão ser salvas”, concluiu a médica.
*Com informações do repórter Robson Nascimento