Homofobia ou maus-tratos? especialista em direito faz análise de caso no Hospital da Mulher
Ele chamou atenção para a figura do puerpério no direito penal, que envolve condições emocionais específicas, e também para a questão da violência obstétrica
Uma denúncia de homofobia feita pelo médico Phelipe Balbi Martins, que afirmou ter sido vítima de preconceito enquanto atendia no Hospital da Mulher de Feira de Santana, gerou polêmica nos últimos dias. O caso, que ocorreu durante uma consulta de rotina, ganhou destaque nas redes sociais após o médico expor a situação.
Segundo Martins, uma paciente teria se recusado a ser atendida por ele, alegando não querer ser atendida por um médico homossexual. O médico utilizou as redes sociais para denunciar o ocorrido e recebeu apoio do hospital, que confirmou a situação e se colocou à disposição para prestar assistência.
No entanto, em resposta à denúncia, o advogado Armênio Seixas, que representa os familiares da paciente envolvida, afirmou que sua cliente teria sido vítima de maus-tratos durante o atendimento. Segundo ele, a mulher não teria sido tratada de maneira educada e cortês, sendo inclusive mandada se retirar da sala. Em resposta à situação, ela teria expressado sua insatisfação em ser atendida por “esse tipo de gente”.
Diante desse cenário, o advogado Danilo Silva, especialista em direito penal, ressaltou a importância de analisar cuidadosamente o contexto em que o incidente ocorreu, levando em conta a situação delicada de puerpério em que se encontrava a paciente. Ele chamou atenção para a figura do puerpério no direito penal, que envolve condições emocionais específicas, e também para a questão da violência obstétrica.
“Esse caso precisa ser analisado com cuidado”, enfatizou Danilo Silva. “Existe uma mulher em situação de parto, e nós, do direito penal, falamos muito sobre puerpério, um momento muito delicado. Existe uma figura no direito penal chamada infanticídio, quando uma mãe em estado puerperal mata o próprio filho. Existe uma responsabilidade penal, ou seja, devemos considerar que, em estado puerperal, podem ocorrer diversas condições emocionais. Portanto, não sei se a paciente falou por questões emocionais, e também não podemos esquecer dos casos de violência obstétrica no Brasil”
O advogado ressaltou a importância de uma apuração minuciosa do caso, ouvindo os dois lados envolvidos. Ele questionou se o estado responsabilizará criminalmente a mulher, analisando em quais condições emocionais ela se encontrava e verificando a veracidade dos eventos ocorridos.
O caso gerou grande repercussão nas redes sociais e trouxe à tona a discussão sobre a importância do respeito à diversidade e da luta contra a homofobia. O Hospital da Mulher de Feira de Santana reiterou seu compromisso com a promoção da igualdade e do respeito à diversidade, e afirmou estar tomando as medidas necessárias para apurar o caso e prevenir novas situações de preconceito.