Especialista afirma que homens resistem mais na hora de cuidar da saúde mental
A taxa de suicídio é maior entre homens. Fatores sociais e culturais podem estar relacionados.
Segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade por suicídio entre homens é de 9,2 para cada 100 mil, número quase quatro vezes maior do que o registrado entre mulheres. Os dados abrem um alerta sobre o bem estar mental do público masculino.
O psicologo Dr. Rodrigo Santtos, comprova os resultados das pesquisas ao relatar que nos consultórios é muito mais frequente ver as mulheres indo atrás de ajuda. Diversos fatores levam a esses resultados, o contexto social é um deles.
“Tem uma série de alterações hormonais, sociais e psíquicas que levam as mulheres a terem uma frequência maior de transtornos mentais comuns. Mas os homens oferecem uma resistência muito grande a buscar ajuda, por diversos fatores, como o social e o cultural, a questão da masculinidade tóxica”, explica o doutor.
Além da taxa de suicidio superior a das mulheres, o público masculino também é maioria em problemas com bebidas alcoólicas e uso de drogas. Uma dissertação produzida pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e Universidade de São Paulo, estimou que o alcoolismo afeta cerca de 5% das mulheres e 15% dos homens (confira).
O comportamento masculino de restrição e o ato de evitar falar sobre questões emocionais pode ser influenciado desde a infância, moldando a masculinidade tóxica que traz consequências para a vida adulta.
“O homem é criado desde sempre a resolver as coisas de uma forma meio agressiva ou violenta, e essa é a tendência dos homens, a resolver as coisas de maneira mais incisiva, diferentes das mulheres, que tem uma habilidade de argumentação mais adequada. Desde a infância tem muitas questões de comportamento que reforçam essa masculinidade tóxica, como evitar que aquele menino utilize coisas ‘de menina’, uma roupa rosa por exemplo, reforça os aspectos que o feminino é algo frágil, consequentemente reforçando essa masculinidade tóxica.”
Alguns sintomas indicam que é hora de ir buscar ajuda, a irritabilidade e agressividade são dois dos principais, influenciados pela testosterona. Problemas com sono também são indicativos, sendo necessário avaliações minuciosas.
O profissional também alerta sobre a necessidade de ser aberto ao diálogo e desabafar sobre suas necessidades. Falar sobre suas problemáticas não indica fragilidade, mas sim cuidado com a saúde.
“Aquele homem que chora, que se permite ser frágil, que fala de suas emoções não é bem visto socialmente . O homem precisa ser o provedor, aquele que não chora, que é forte, que dar suporte a todo mundo, mas no fundo também existe uma pessoa vulnerável que precisa de ajuda e acolhimento. Por conta de questões machistas, o homem não vai em busca de ajuda. Um homem não vai ao ‘baba’ no fim de semana e conversa sobre suas dificuldades com colegas. E essa não é a melhor forma de resolver os problemas”.