Historiador destaca origem de Feira de Santana e sua transformação em um polo regional
O passado de pouso de tropas e cruzamento de rotas pavimentou o caminho para a modernidade e a influência regional de Feira de Santana, que se projeta cada vez mais como um polo de desenvolvimento.
Feira de Santana, uma das cidades mais importantes do interior da Bahia, tem uma história profundamente marcada pelo encontro de rotas e pela abundância de recursos naturais. O historiador Vicente Gualberto resgata essa trajetória, explicando como a cidade, que inicialmente era uma fazenda, evoluiu para o que é hoje.
“Reza a lenda que aqui havia uma fazenda de propriedade de um casal, Domingos Barbosa de Araújo e Ana Brandoa, e que foi essa fazenda que deu origem ao que eu chamo de Feira de Santana”, explica. A localização estratégica da fazenda, conhecida como Olhos d’Água por conta das fontes de água que nunca secavam, fez com que o local se tornasse um ponto de descanso para as tropas que cruzavam os caminhos entre o sertão e Salvador. “As pessoas pousavam aqui com suas tropas de burro, davam um tempo e prosseguiam viagem. A água abundante e o cruzamento de estradas fizeram desse local um ponto natural de encontro”, acrescenta o historiador.
A cidade, que inicialmente pertencia ao povoado de São José e à freguesia da vila de Cachoeira, cresceu ao redor desse ponto estratégico.
“Feira de Santana é uma cidade muito interessante porque nós temos três climas numa mesma cidade. O lado do Tomba, que faz parte do Recôncavo, tem um clima litorâneo. Já na região da UEFS, temos um clima semiárido. Essa diversidade geográfica é um reflexo da própria sorte que a cidade teve ao ser um ponto de cruzamento de caminhos”, explica.
Além disso, Feira de Santana se desenvolveu como um dos maiores entroncamentos rodoviários do Nordeste, com cinco BRs passando por seu território. Essa infraestrutura favoreceu o crescimento econômico e tornou a cidade um importante centro comercial e de prestação de serviços.
Gualberto também destaca que a Feira de Santana manteve sua essência comercial ao longo dos anos. “A Feira Livre, que Zé Falcão tentou matar nos anos 70, continua viva até hoje. É essa vocação comercial que move Feira, conhecida no Nordeste todo pela força do seu comércio.”
Hoje, Feira de Santana se expandiu para além do anel de contorno e se tornou uma metrópole regional com influência em todo o interior da Bahia.
“Feira de Santana é a cidade mais importante do interior da Bahia. Nossa tendência é que, no futuro, Feira e Salvador se fundam, formando talvez a segunda megalópole do Brasil”, conclui Vicente Gualberto, vislumbrando o futuro promissor da cidade.