Feira de Santana e Sua História

Historiador explica como as águas fizeram parte da cultura de Feira de Santana

Águas faziam parte do lazer da população

21/09/2023 10h42
Historiador explica como as águas fizeram parte da cultura de Feira de Santana
Foto: divulgação

Além de culturamente rica, a cidade de Feira de Santana também possui história no âmbito fluvial. Além de atividades básicas para cuidado e higiene, as águas do território, seja de tanques, rios ou fontes, também constituem como parte do lazer da população. Ao De Olho na Cidade, o historiador Pedro Alberto Cruz de Souza, relata como foi o passado da cidade a partir da história das águas.

Em seus estudos, o historiador traçou o contexto do município de 1900 até 1957 para entender como funcionava o uso social das águas.

“Os habitantes das regiões chamadas na época como subúrbios, que era toda aquela região que ficava na periferia do núcleo urbano, utilizavam as águas para fim de lazer, em banhos, ás vezes as pessoas até saíam e pegavam uma bebida para ter seu lazer nesses tanques e fontes. Isso incomodava parte da população de Feira de Santana, sobretudo expressando esse incômodo através de jornais, que diziam que eram práticas atrasadas, que não refletiam o ideal de civilidade que se queria na época. Analisando a documentação, percebemos que era um costume, era parte da cultura da população pobre essas práticas de lazer, justamente porque não se tinha muitas opções”, relata o historiador.

O historiador aponta que aguadas, fontes, lagoas, era mais presente no município, mas, com o passar do tempo, no processo de ocupação urbana, esses mananciais foram soterrados. Contudo, a memória da população mantém viva essa identidade ligada a usabilidade dessas águas.

Foi em 1957 que ocorreu a implantação do primeiro sistema de água encanada em Feira. Algumas cidades, tanto da capital, como do interior do país e da Bahia, já contavam com serviço, que na época era bastante desejado para a população feirense. Diversos projetos já haviam sido tentados nas décadas de 1920, 1930 e 1940.

“Só em 1957, depois de muita luta política e algumas pressões sociais, que esse sistema foi implantado, dinamizando o acesso à água para parte da população. Foi um sistema que na época não garantiu a água encanada para todos, mas lançou as bases das novas formas de utilização das águas. Obviamente que não extinguiu as antigas e tradicionais maneiras de se acessar à água, que era indo direto àquela fonte, apanhando com baldes de lata, comos temos aí as figuras das lavadeiras que iam lavar roupas nos tanques e ganhavam um dinheiro que favorecia o seu sustento”, explica.

O historiador salienta que o contato com essas águas marca até hoje a memória de parte da população de Feira de Santana.

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