Henriqueta Catarino: Conheça história da feirense pioneira do feminismo na Bahia
Apesar de pouco conhecida, Henriqueta Catharino contribuiu com a luta pela educação feminina
Fazendo parte da história de Feira de Santana, Henriqueta Catharino foi educadora e uma das pioneiras do feminismo no estado baiano. Nascida em 12 de dezembro de 1886, a feirense dedicou sua vida pela educação feminina, e embora seu nome não seja tão conhecido pelos moradores, seu trabalho foi um marco histórico.
“Ela lutou bastante, foi uma das primeiras feministas da Bahia, uma mulher que foi muito além do seu tempo. Eu atribuo que todo esse jeito de ser dela teve início com sua família”, explica a professora e pesquisadora, Lucila Pinho, em entrevista ao De Olho na Cidade.
Henriqueta era uma dos 14 filhos do rico comerciante e industrial Bernardo Catharino, português que emigrou ainda jovem, e de Úrsula Costa Martins Catharino, de família tradicional da cidade do interior baiano. Na primeira metade do século XX, seu pai tornou-se o maior empresário da Bahia, enquanto sua mãe seguiu para uma formação católica.
“Os pais de Henriqueta sempre lutaram por esse lado social. A formação religiosa dela veio de sua mãe, que era de uma família tradicional feirense, tanto que há doações de altares e preocupação com o Asilo Nossa Senhora de Lourdes. A Henriqueta sempre se preocupou com a formação e independência feminina, e sempre lutou por isso”, explica.
Devido a boa condição dos pais, Henriqueta teve acesso a educação de qualidade, em uma época em que poucas mulheres podiam estudar. Sua iniciativa no ativismo partiu ainda antes de completar os 30 anos, com a fundação, de uma biblioteca, chamada “Propaganda da Boa Leitura”, na primeira década do século XX em Salvador.
Segundo a professora, o trabalho de Henrietta na Bahia foi reconhecido pelo autor Erico Verissimo, um dos principais nomes da literatura brasileira: “Verissimo disse que nunca viu trabalho igual por onde ele andou no Brasil, e nem sabia se nos Estados Unidos existia alguém assim”.
Junto ao Monsenhor Flaviano Osório Pimentel, a educadora criou a Casa São Vincente, que viria a ser o núcleo do Fundação Instituto Feminino da Bahia. Também esteve por trás das “tardes de costura”, atividade filantrópica onde as senhoras costuravam para as pessoas mais pobres.
A educadora não se casou e nem constituiu famílias. Chegou a ser noiva de um suiço, mas o casamento não ocorreu. Apesar do matrimônio não ocorrer, Henriqueta ainda assim herdou as riquezas do suiço, que utilizou para investir em centros educacionais para mulheres.
Henriqueta Martins Catharino faleceu no dia 21 de junho de 1969 na cidade de Salvador e deixou um legado de lutas e conquistas para todas as baianas.