Guardião-diretor da Igreja de Ouro relata impactos do desabamento e próximos passos para restauração
O templo, reconhecido como patrimônio cultural da humanidade, teve parte de sua estrutura comprometida, e as autoridades agora buscam esclarecer as causas do ocorrido.
O desabamento do forro da histórica Igreja e Convento de São Francisco, em Salvador, na última quarta-feira (05), gerou grande repercussão dentro e fora do Brasil. O templo, reconhecido como patrimônio cultural da humanidade, teve parte de sua estrutura comprometida, e as autoridades agora buscam esclarecer as causas do ocorrido.
Em entrevista ao programa Jornal do Meio Dia, da Rádio Princesa FM, o Frei Pedro Júnior Freitas da Silva, guardião-diretor da igreja, afirmou que os trabalhos de investigação já estão em andamento.
“Estamos recebendo peritos da Polícia Federal e de órgãos especializados, que estão analisando imagens, recolhendo materiais e utilizando drones para entender o que aconteceu com o forro da igreja”, explicou. Ele ressaltou que não foi o teto que desabou, mas sim o forro de madeira, que continha obras artísticas. “O impacto afastou algumas telhas, mas a estrutura do teto permanece”, completou.
Antes do acidente, já havia um pedido formal de vistoria e manutenção, feito pelo próprio frei ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“Na segunda-feira passada, ao notarmos um aumento na espessura de algumas fissuras, enviamos um comunicado ao Iphan, que prontamente agendou uma visita para o dia seguinte. Infelizmente, o desabamento ocorreu antes”, lamentou.
O governo federal prometeu auxílio emergencial para evitar novos desmoronamentos e iniciar os primeiros trabalhos de preservação. A ministra da Cultura, Margareth Menezes esteve no local e garantiu que haverá apoio para a reconstrução e restauração da igreja.
“Ficamos felizes por termos respaldo federal, estadual e municipal. A preocupação é grande, pois o templo é um patrimônio que ultrapassa os limites de Salvador”, destacou Frei Pedro.
A restauração, no entanto, enfrenta desafios, principalmente financeiros. “A maior dificuldade é a obtenção de recursos. Salvador tem muitos casarões históricos sendo restaurados, e há mão de obra qualificada para isso. Mas tudo depende do apoio do governo federal e estadual”, pontuou o frei. Sobre um prazo para a reabertura, ele afirma que ainda não é possível precisar: “Muitos especulam cinco anos, mas não há previsão. O tempo dependerá dos recursos”.
O desabamento resultou na morte de uma jovem foi identificada como Giulia Panchoni Righetto, natural de São Paulo. Além dela, cinco pessoas ficaram feridas, mas já receberam alta.
“Infelizmente, a vida de Giulia não pode ser restaurada. Pedimos orações para sua família e seguimos com nossa missão franciscana”, disse o frei.
A comunidade aguarda os próximos passos da investigação e as medidas que serão adotadas para garantir a segurança e preservação da histórica Igreja de São Francisco.