O delegado José Marcos, titular da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR) de Feira de Santana, detalhou os desdobramentos da operação que resultou na prisão de cinco pessoas envolvidas em um esquema criminoso de golpes pela internet. A ação da Polícia Civil da Bahia foi fruto de trabalho de inteligência e revelou a existência de uma estrutura sofisticada, montada em um apartamento de alto padrão no bairro Kalilândia, utilizado como escritório e “call center” da quadrilha.

“Essa foi uma ação de inteligência da delegacia de furtos e roubos. Feira de Santana é uma cidade com muitas conexões com outras regiões e estados, principalmente na área patrimonial. Através de monitoramento, percebemos que vítimas de outros estados tinham como origem os golpes aplicados aqui na cidade por esse grupo”, explicou o delegado.

Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, foram visitados três endereços: um imóvel no bairro SIM, outro na Rocinha, e o apartamento na Kalilândia, alugado por R$ 6 mil mensais, o que já indicava o alto padrão de vida dos criminosos.

“Eles montaram toda uma estrutura nesse apartamento: escritório, computadores, notebooks e produtos falsificados que eram usados para gravar vídeos profissionais e enganar as vítimas”, detalhou.

Segundo José Marcos, o golpe consistia em criar perfis falsos nas redes sociais, sobretudo no Instagram, anunciando produtos de marcas famosas. Após o pagamento, os golpistas enviavam fotos de caixas lacradas, muitas vezes vazias e bloqueavam as vítimas.

“Algumas caixas nem eram postadas, só eram fotografadas. Isso mostra o grau de sofisticação e frieza com que agiam”, disse o delegado.

A operação resultou na prisão de cinco pessoas. “Duas já tinham mandados de prisão preventiva. No momento da ação, estavam dentro do apartamento, em plena atividade criminosa. As outras três eram colaboradoras que atuavam no dia a dia da quadrilha e tinham pleno conhecimento das fraudes. Afinal, embalavam diariamente dezenas de caixas vazias. Não há como alegar desconhecimento”, afirmou.

Durante a ação, também foram apreendidos dois veículos de luxo: um Land Rover Evoque e um HB20. “Nenhum deles está em nome dos investigados, o que será apurado. Vamos verificar quem são os verdadeiros proprietários e se há envolvimento no esquema”, acrescentou.

As investigações apontam que a quadrilha atua desde 2020, durante o início da pandemia, e pode ter feito milhares de vítimas.

“Só hoje, entre oito da manhã e meio-dia, recebemos dezenas de mensagens de pessoas perguntando sobre pedidos. São vítimas que entraram em contato pelo WhatsApp, provavelmente captadas via Instagram”, relatou o delegado.

José Marcos ressaltou ainda que a operação é apenas o começo e que novas diligências estão em curso.

“Vamos continuar avançando. Essa quadrilha pode ter ramificações em outros estados. Infelizmente, o golpe virtual se tornou uma verdadeira praga no Brasil. Muita gente copia esse tipo de crime por perceber o lucro e a aparente impunidade.”

O delegado finalizou com um apelo às vítimas: “Quem tiver sido lesado por esse grupo pode procurar diretamente a delegacia ou entrar em contato com o Disque Denúncia, pelo número 181. A Polícia Civil está atenta, independente de onde ocorra o crime. Onde houver atividade criminosa, vamos agir.”

A quadrilha será autuada por estelionato e associação criminosa, ambos crimes previstos no Código Penal.

*Com informações da repórter Isabel Bomfim

Leia também:

Operação em Feira de Santana desarticula grupo que aplicava golpes pela internet