Ginecologista detalha chegada de implante contraceptivo ao SUS
Com alta eficácia e longa duração, o novo implante subdérmico será incorporado na saúde pública para prevenir gravidez não planejada. Produto pode custar até R$ 4 mil
Durante entrevista ao programa Cidade em Pauta, da Rádio Nordeste FM, a ginecologista Dra. Márcia Suely comentou a recente decisão do Ministério da Saúde de incluir o implante contraceptivo Implanon no Sistema Único de Saúde (SUS), a partir do segundo semestre de 2025. O método contraceptivo será inicialmente oferecido apenas a um público específico, considerado mais vulnerável.
“Essa é uma grande evolução no planejamento familiar no Brasil”, afirmou a médica. “O Implanon, que hoje só é encontrado em clínicas privadas e custa de R$ 1.800 a R$ 4.000, será finalmente disponibilizado no SUS, mas com foco em adolescentes e mulheres em situação de vulnerabilidade.”
Dra. Márcia explicou que o Implanon será indicado, nesse primeiro momento, para meninas abaixo de 17 anos, mulheres em situação de rua, usuárias de drogas e pacientes com distúrbios mentais, todas com alto risco de gravidez indesejada.
“A gravidez precoce ainda é um grande problema no Brasil e esses grupos são os mais afetados. Por isso, a medida é muito pertinente, embora ainda não contemple todas as mulheres”, explicou.
De acordo com a ginecologista, o Implanon é um bastão de silicone de 3 cm que é inserido sob a pele do braço da mulher e libera continuamente uma substância chamada etonogestrel, um tipo de progesterona que impede a ovulação.
“Ele é mais eficaz do que a laqueadura, a vasectomia ou o DIU e diferente desses métodos, é reversível. Dura em média três anos e pode ser removido antes, caso a mulher deseje engravidar”, detalhou.
Outro ponto positivo destacado foi a simplicidade do procedimento: “A colocação e retirada são muito simples e rápidas e diferente da pílula, não depende da disciplina da mulher. É uma forma de garantir eficácia contraceptiva com mais segurança.”
Além da alta eficácia e praticidade, o método é considerado seguro inclusive para mulheres que têm contraindicações para o uso de anticoncepcionais orais, como pacientes com histórico de trombose, hipertensão ou enxaqueca.
Entretanto, Dra. Márcia fez um alerta sobre os efeitos colaterais:
“Nada na medicina é 100%. O principal efeito colateral é o sangramento irregular. Em alguns casos, isso pode levar à retirada precoce do implante. Por isso, o método precisa ser escolhido com acompanhamento médico e com base em termo de consentimento.”
Ela também fez uma ressalva pessoal sobre o uso do Implanon em mulheres acima dos 40 anos:
“Apesar de estar liberado para todas as idades, eu, particularmente, tenho reservas com mulheres que já estão entrando no climatério. O bloqueio hormonal pode piorar sintomas que já são comuns nessa fase.”
A médica destacou que o sucesso da implementação dependerá do preparo das equipes de saúde:
“É preciso treinar médicos e, possivelmente, enfermeiros para inserção e acompanhamento. Não se pode disponibilizar um método desses sem capacitação adequada.”
Dra. Márcia relembrou ainda que Feira de Santana já foi pioneira no uso do método na rede pública:
“Quando fui diretora do Hospital da Mulher, trouxemos essa experiência de São Paulo e aplicamos aqui, com ótimos resultados.”
A médica informou que o método já é utilizado há anos em na Clínica Vitalis, que atua com diversos métodos contraceptivos, incluindo o Implanon, DIUs hormonais e anel vaginal.
“Estamos no Edifício Premier, na Avenida Getúlio Vargas. Toda a equipe está pronta para orientar e oferecer as melhores opções para cada mulher e reforço: método contraceptivo não é imposição. É escolha e tem que ser feita com informação e acompanhamento.”