COP 30

Geógrafo alerta para desequilíbrios climáticos e defende ações urgentes contra o aquecimento global

Segundo o professor, o momento exige ações concretas e não apenas compromissos teóricos.

01/11/2025 12h55
Geógrafo alerta para desequilíbrios climáticos e defende ações urgentes contra o aquecimento global
Foto: Arquivo/Agência Brasil

Durante entrevista ao Jornal do Meio Dia, o geógrafo e ambientalista professor Marialvo Barreto fez uma análise detalhada sobre as causas, consequências e desafios do aquecimento global, além de destacar a relevância da COP 30, conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas que será realizada em Belém do Pará.

O evento, que reunirá líderes mundiais, cientistas e ambientalistas, discutirá soluções urgentes diante da crise climática que ameaça o planeta. Segundo o professor, o momento exige ações concretas e não apenas compromissos teóricos.

“A COP 30 é muito importante por acontecer no Brasil, país que abriga a maior floresta tropical da Terra, a Amazônia, que está em processo de agressão pelas bordas. Já temos plantações de soja a menos de 200 km do rio Amazonas. Isso é muito grave. É hora de discutir seriamente a preservação dos nossos biomas, não só da Amazônia, mas também da Caatinga”, alertou.

Marialvo explicou que o aquecimento global tem origem direta na Revolução Industrial, quando o uso intensivo de combustíveis fósseis aumentou drasticamente a emissão de gases do efeito estufa, como dióxido de carbono e metano.

“A Revolução Industrial acelerou o processo. De lá para cá, houve uma transferência enorme de gases para a atmosfera. Esses gases retêm calor, e o planeta passou a esquentar de forma descontrolada. A meta é impedir que a temperatura global aumente mais de 2°C, sendo o ideal 1,5°C em relação ao período pré-industrial. Se ultrapassar 2°C, o cenário será de caos”, afirmou o professor.

De acordo com Marialvo, os efeitos do aquecimento global se manifestam de forma desigual no planeta. Em Feira de Santana, ele observa mudanças significativas no regime de chuvas.

“Antes, tínhamos períodos de chuva mais regulares, como os chamados ‘comboios de setembro’. Hoje, o inverno termina e logo começa a seca. O tempo está muito mais irregular. O Nordeste é uma das regiões que mais sofrem, pois o aumento da temperatura pode agravar ainda mais as secas”, relatou.

Entre os principais temas da COP 30, o professor destacou o financiamento climático e a justiça climática, que visam reduzir desigualdades entre países ricos e pobres.

“Os países desenvolvidos poluíram mais e devem financiar o desenvolvimento sustentável das nações mais pobres. Se não houver recursos para mudar o padrão energético e produtivo, os mais pobres continuarão sendo os mais penalizados pelas mudanças climáticas. É disso que trata a justiça climática”, explicou.

Marialvo reforçou que uma das metas mais urgentes é descarbonizar a economia mundial, substituindo o uso de combustíveis fósseis por fontes renováveis.

“Precisamos mudar o padrão de produção e de consumo. Não é possível continuar nesse nível de desperdício. O planeta tem limite. É hora de repensar hábitos e exigir responsabilidade também das indústrias”, pontuou.

O ambientalista ressaltou que combater o aquecimento global depende também das ações cotidianas e locais.

“Devemos pensar globalmente, mas agir localmente. Não adianta esperar apenas dos governos. Cada cidadão deve fazer sua parte, cobrar das autoridades e mudar hábitos de consumo e descarte”, destacou.

Marialvo deixou uma mensagem de esperança, especialmente voltada à juventude.

“Sou otimista com os jovens. A minha geração, que tem mais de 70 anos, assistiu à destruição ambiental. Mas acredito que essa nova geração tem consciência e pode transformar o mundo. É preciso investir em educação ambiental para que eles sejam os protagonistas dessa mudança”, afirmou.

A COP 30, que acontecerá de 10 a 21 de novembro, deverá reunir cerca de 50 mil participantes, entre delegações oficiais, sociedade civil e imprensa internacional. O Jornal do Meio Dia e o De Olho na Cidade acompanhará o evento presencialmente, com cobertura coordenada por Jorge Biancchi.

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