Fórum de Vigilância Epidemiológica debate desafios do combate a doenças
Um dos objetivos do Fórum de Vigilância Epidemiológica é acompanhar as ações da Vigilância Epidemiológica.
O Ministério Público estadual promoveu ontem, dia 30, o Fórum de Vigilância Epidemiológica para discutir o panorama atual do combate a gripe aviária, arboviroses, Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAGS) e leptospirose. Também esteve em pauta o estágio atual da cobertura vacinal na Bahia. “O Fórum permite diálogos e troca de conhecimentos para que possamos avançar nos desafios que surgem no cenário epidemiológico atual”, destacou a promotora de Justiça Patrícia Medrado, coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Saúde (Cesau). Ela dividiu a mesa de abertura com o promotor de Justiça Rogério Queiroz e Rívia Mary de Barros, superintendente de Vigilância e Proteção da Saúde (Suvisa) da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
A programação foi aberta com a apresentação da médica veterinária Luciana Bahiense, que integra o ‘Grupo de Trabalho Epizootia’ da diretoria de Vigilância Epidemiológica do Estado, e do médico veterinário Pedro Cerqueira Lima, que falaram sobre a gripe aviária. Luciana Bahiense destacou que o Estado intensificou a vigilância de epizootia em aves silvestres e domésticas, de síndrome gripal e síndrome gripal aguda grave em pessoas expostas a esses animais. “A orientação é para que a população não toque, manipule ou se aproxime de aves doentes, mortas ou com sintomatologia respiratória”, afirmou. Pedro Cerqueira falou sobre sua experiência no monitoramento de doenças que são transmitidas pelas aves e sobre a preocupação com a gripe aviária. No último dia 23, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Sesab emitiu para os municípios um comunicado de risco por causa da gripe aviária. O documento foi divulgado após o Ministério da Agricultura e Pecuária declarar estado de emergência zoossanitária em todo o território nacional, por 180 dias, em razão da detecção da infecção pelo vírus da influenza aviária H5N1 de alta patogenicidade em aves silvestres no Brasil.
Outro assunto debatido foi a SRAGS, que foi ministrado pela sanitarista e diretora da Vigilância Epidemiológica do Estado, Márcia São Pedro. Ela chamou a atenção sobre os casos notificados de coronavírus que diminuíram neste ano de 2023. “Uma das razões para essa diminuição foram a oferta dos testes rápidos que facilitou o acesso para o cidadão, mas por outro lado o Estado perde a possibilidade de sequenciamento que é permitido com o exame do tipo PCR”. Além disso, ela ressaltou que, nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAGS), pode haver casos tantos de Covid, como H1N1 e vírus sincial que acomete crianças de até um ano. “O problema é que não há vacina para o vírus sincial, por isso temos que ficar atentas com crianças pequenas que podem agravar para uma infecção aguda nas vias respiratórias”, ressaltou.
Arboviroses
Um dos objetivos do Fórum de Vigilância Epidemiológica é acompanhar as ações da Vigilância Epidemiológica deflagradas visando o contingenciamento e o enfrentamento do aumento de casos de arboviroses (dengue, chikungunya e zika) na Bahia. “Temos desafios diários na área de saúde e esse Fórum possibilita discussão em conjunto permitindo, inclusive, a promoção de ações necessárias ao enfrentamento de qualquer agravo que surja no Estado”, destacou o promotor de Justiça Rogério Queiroz. O assunto foi apresentado pela sanitarista e coordenadora das Doenças Transmitidas por Vetores e outras Antropoozonoses (CODTV/Divep), Sandra de Oliveira. Ela destacou as principais ações municipais para enfrentamento das arboviroses, incluindo as visitas domiciliares contínuas e ações para combate ao vetor a exemplo da aplicação de inseticida a Ultra Baixo Volume (UBV), por meio de equipamento acoplado a veículo. “Em 2021 e 2022 o Estado da Bahia gastou mais de meio milhão com internamentos por arboviroses. Precisamos intensificar o combate ao inseto e cada município deve apresentar seu plano de contingência”, afirmou. Ela complementou que atualmente há 31 municípios em situação de epidemia de dengue no Estado. Na tarde de ontem também esteve em discussão o plano estadual para enfrentamento da leptospirose, que foi apresentado pelo médico veterinário Marcelo Medrado. O documento será proposto aos 417 municípios baianos e visa combater a doença causada pela bactéria Leptospira, que usa alguns animais, principalmente roedores, como hospedeiros.
Cobertura vacinal na Bahia
Uma das preocupações dos integrantes do Fórum é a baixa adesão à cobertura vacinal na Bahia. O assunto foi apresentado pela coordenadora de Imunização e Doenças Imunopreveníveis (Civedi/Divep), a enfermeira Vânia Rebouças. “Temos um calendário de vacinação muito rico para todas as faixas etárias. No entanto, estamos desde 2016 enfrentando o cenário de baixa adesão na Bahia”, destacou. Ela complementou que em razão da baixa adesão vacinal, a Bahia viveu um surto de sarampo em 2018 e agora estamos com risco de reintrodução da poliomielite. “Somente 19 municípios atingiram a meta desse ano de vacinação para a pólio, mas precisaríamos que ao menos 70% dos municípios baianos atingissem a meta de 95%”.
Vânia Rebouças citou como exemplo a vacina Bivalente, que já está disponível para 12 milhões de baianos elegíveis – pessoas a partir dos 18 anos com e sem comorbidades, incluindo, gestantes e puérperas, no entanto pouco mais de um milhão de doses foram aplicadas. “Devemos priorizar a vacinação para evitar cenários epidemiológicos caóticos como o que vivenciamos recentemente com a Covid”, afirmou.