Feirantes da Marechal Deodoro, uma das mais tradicionais feiras livres de Feira de Santana, compareceram na Câmara de Vereadores nesta terça-feira (13) para cobrar da Prefeitura Municipal mais diálogo e transparência no processo de reorganização do espaço. A principal reivindicação é a inclusão dos trabalhadores na definição do novo modelo de barracas que será utilizado, já que, segundo eles, a administração municipal não apresentou nenhum projeto oficial, mesmo com a licitação marcada para o próximo dia 22.

Edineide Ribeiro Santos, presidente da Associação de Trabalhadores da Feira da Marechal, relatou a falta de informações e a preocupação com a qualidade das novas estruturas.

“A gente veio reivindicar, na verdade, a inclusão dos trabalhadores nesse processo de padronização e organização da feira. A gente precisa saber qual o modelo de barraca, porque dia 22 já tem uma licitação das compras da barraca, mas a gente não viu modelo nenhum. Estivemos com o secretário Silvaney, pedimos uma cópia do projeto pra analisar coletivamente com os trabalhadores e ele não tinha o projeto pra apresentar”, conta Edineide.

A principal crítica é que a Prefeitura estaria retomando um modelo de barraca antigo.

“A gente deu uma olhada no edital e viu que passa uma lona verde, azul no quadro da barraca, sem segurança nenhuma, uma estrutura fraca. A nossa feira precisa de uma estrutura de barraca forte, que aguente peso, chuva, sol e o que mais preocupa é que há quatro anos enfrentamos um processo de expulsão”, alertou.

Os feirantes, no entanto, já contam com uma proposta alternativa, desenvolvida com apoio técnico de estudantes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), sob coordenação da arquiteta e urbanista Mabel Reis.

“Esse projeto foi pensado com a gente. A gente quer ser ouvido. Não queremos barracas de qualquer forma. Queremos ser incluídos na escolha e discussão desse projeto”, reforçou a presidente.

Sonia Pereira de Jesus Santos, vice-presidente da associação e estudante de Licenciatura em Educação no Campo com habilitação em Ciências da Natureza, também fez um apelo para que o poder público valorize a história e a importância cultural da Feira da Marechal.

“Eu sou feirante desde a barriga da minha mãe, a feira da Marechal é patrimônio, é cultura, é tradição que passa de geração para geração. Não pode ser barraca de qualquer jeito, não pode”, disse Sonia.

Ela também destacou a necessidade de que o projeto contemple não apenas a barraca em si, mas todo o entorno, com estrutura adequada, espaço de lazer e valorização cultural.

“A barraca tem que ter estrutura, banheiro, espaço de lazer, valorização da capoeira que acontece em frente à Marechal. Que a lona não seja frágil, porque com o tempo vai se danificar, a gente quer barraca bonita, porque Feira de Santana é a melhor feira do mundo”, concluiu.

Resposta da Prefeitura

O secretário municipal de Agricultura e Recursos Hídricos, Silvaney Araújo, afirmou que a Prefeitura está seguindo padrões já adotados por outros entes públicos e que algumas melhorias foram incluídas no modelo adotado.

“A Feirinha da Marechal está seguindo os mesmos padrões das barracas entregues pelo governo federal e estadual, com algumas melhorias. A gente alongou a cobertura lateral em mais meio metro de cada lado para dar uma proteção melhor aos feirantes e consumidores, em caso de chuva ou sol. Antes de autorizar a compra, fizemos visita in loco, e representantes como o vereador Ivamberg estiveram na secretaria para dialogar”, explicou Silvaney.

O secretário destacou ainda que o modelo escolhido foi a barraca tabuleiro, por considerar o mais adequado à realidade da Marechal, e garantiu que a gestão está aberta ao diálogo.

“Entendemos que a Marechal é um espaço muito importante para o governo José Ronaldo e para todos os feirenses. A secretaria está de portas abertas para dialogar e construir, a cada dia, uma feira melhor”, afirmou.

*Com informações da repórter Isabel Bomfim