Feira de Santana e Sua História

Feira rumo aos 200 anos discute a preservação do patrimônio histórico com especialistas

O evento trouxe à tona questões cruciais sobre como Feira de Santana pode, através da educação e da conscientização, valorizar e preservar seu patrimônio histórico e cultural

09/10/2024 11h04
Feira rumo aos 200 anos discute a preservação do patrimônio histórico com especialistas

O painel sobre a preservação do patrimônio histórico de Feira de Santana foi um dos destaques do 3º Encontro Feira rumo aos 200 anos que reuniu especialistas, influenciadores e moradores da cidade. Entre os participantes, estavam a arquiteta, urbanista e produtora de conteúdo Manuela Lula, conhecida como Mana Lula, e o arquiteto Marcelo Faria, com ampla experiência em restauração de patrimônios históricos, ambos trouxeram reflexões profundas sobre a conservação do legado arquitetônico de Feira.

Durante a discussão, Manuela, que também é influenciadora digital e produz conteúdo sobre patrimônio histórico nas redes sociais, ressaltou sua angústia com a perda de edificações importantes para a história da cidade.

“Feira de Santana é meu objeto de estudo, e não tem como falar da cidade sem mencionar sua rica história, cheia de edifícios antigos e a feira livre, por exemplo. Fico angustiada com a arquitetura ao mesmo tempo que me sinto motivada a falar cada vez mais sobre a importância da preservação”, comentou.

Manuela destacou algumas das perdas mais significativas para o patrimônio da cidade, como os casarões históricos da Avenida Senhor dos Passos, o Hotel Fala Santana e o orfanato evangélico. “A Avenida Senhor dos Passos era repleta de casarões, mas hoje é quase inteiramente comercial. Também vimos a recente demolição da Casa Elevada de Amélio Amorim, um ícone modernista da cidade”, lamentou.

O arquiteto Marcelo Faria, especialista em restauração e com mais de 15 anos de atuação, incluindo trabalhos em obras emblemáticas como o Teatro Municipal do Rio de Janeiro e o Palácio das Laranjeiras, também compartilhou sua visão sobre o que pode ser feito para evitar a degradação do patrimônio restante.

“Preservar não é apenas conservar o que está velho, mas entender que o centro da cidade, com sua infraestrutura consolidada, precisa ser revitalizado e reutilizado de forma sustentável”, explicou.

Marcelo reforçou a importância de políticas públicas eficazes e a conscientização da população. “É essencial que o cidadão entenda seu papel na preservação do patrimônio. Precisamos de planejamento urbano, demarcação de zonas de conservação e ações participativas com a comunidade. Sem isso, a expansão urbana descontrolada pode apagar nossa história”, alertou.

Um dos exemplos mencionados por Mana Lula foi a recente demolição da Casa Elevada, projetada por Amélio Amorim. Ela ressaltou a importância desse edifício, tanto do ponto de vista arquitetônico quanto cultural.

“Amélio Amorim, para mim, é o Oscar Niemeyer de Feira de Santana. Ele trouxe o modernismo para a cidade. A Casa Elevada era um marco, um edifício inovador na década de 1970, e sua demolição foi um golpe para quem valoriza a arquitetura e a cultura local”, lamentou.

Ela também citou outras demolições significativas, como a de casarões na Avenida Senhor dos Passos e o orfanato evangélico no centro da cidade. “A história de Feira é marcada por demolições, e a cada vez que perdemos um desses edifícios, perdemos também um pedaço da nossa identidade”, afirmou.

Para Marcelo, o caminho para reverter essa situação passa pela educação e conscientização.

“A preservação começa na educação. Se as pessoas não entenderem o valor desses patrimônios, estaremos sempre correndo atrás do prejuízo. É preciso que as políticas públicas estejam alinhadas com um plano de preservação que inclua a participação ativa da comunidade”, sugeriu ele, acrescentando que a falta de um senso de pertencimento também é um desafio em cidades de grande fluxo como Feira de Santana, onde muitos estão apenas de passagem.

O evento trouxe à tona questões cruciais sobre como Feira de Santana pode, através da educação e da conscientização, valorizar e preservar seu patrimônio histórico e cultural, garantindo que as futuras gerações também possam vivenciar a riqueza arquitetônica e artística da cidade.

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