Feira de Santana sedia a 3ª Jornada de Urologia do Interior da Bahia com inovações no diagnóstico do câncer de próstata
Entre os destaques da programação está o módulo dedicado ao câncer de próstata, tema que será abordado pelo médico radiologista Dr. Marcos Miranda
Nesta sexta-feira (23) e sábado (24), Feira de Santana será palco da 3ª Jornada de Urologia do Interior da Bahia, reunindo especialistas de diversas áreas da saúde no NH Hotel. O evento contará com a participação de renomados profissionais locais e nacionais.
Entre os destaques da programação está o módulo dedicado ao câncer de próstata, tema que será abordado pelo médico radiologista Dr. Marcos Miranda, que ressaltou a importância da atuação conjunta entre diferentes especialidades.
“Durante os cuidados com o paciente com câncer de próstata, não só o urologista tem ação. O radiologista, o oncologista e o urologista trabalham em conjunto, cada um com seu papel”, explicou.
A jornada contará com uma cirurgia ao vivo, voltada ao tratamento de patologias benignas da próstata, uma oportunidade prática para os participantes acompanharem técnicas e desafios de um procedimento em tempo real. Outro ponto alto do evento será o debate sobre cirurgia robótica, um avanço que vem ganhando espaço no Brasil.
Em sua palestra, Dr. Marcos Miranda abordará o papel da ressonância magnética multiparamétrica da próstata, exame que tem revolucionado o diagnóstico e o acompanhamento do câncer prostático. Segundo o especialista, a técnica permite não apenas visualizar a anatomia, mas também a funcionalidade dos tecidos, através da chamada difusão e do uso de meio de contraste para observar a vascularização.
“A ressonância da próstata evoluiu muito. Hoje, as principais sociedades médicas — como a Americana, a Europeia e a Brasileira de Urologia — recomendam que ela seja feita antes da biópsia, nos casos em que há suspeita de câncer. Isso reduz falsos positivos, evita biópsias desnecessárias e melhora a efetividade do procedimento”, destacou.
Dr. Marcos enfatizou que o foco agora não é mais provar a importância da ressonância, mas garantir que o exame seja feito com qualidade técnica e interpretado por médicos experientes.
“O que se discute hoje é se aquele exame está sendo feito de forma tecnicamente adequada e se está sendo analisado por um profissional devidamente treinado. Existe uma padronização chamada BI-RADS, que classifica as lesões da próstata e ajuda a guiar o diagnóstico e o tratamento”, explicou. Ele destacou ainda que há uma tendência de que a inteligência artificial atue na avaliação da qualidade técnica dos exames, identificando quando precisam ser repetidos ou quando estão prontos para laudo.
Questionado sobre a estrutura local, o médico afirmou que a tecnologia já está disponível, mas que ainda é necessário investimento na qualificação técnica das equipes.
“Ter um bom aparelho não é suficiente. O exame exige preparo do paciente, equipe de enfermagem capacitada, técnicos bem treinados e médicos experientes. E mais: é recomendado que o médico faça pelo menos 100 exames por ano, para garantir qualidade na interpretação. Quanto mais se faz, mais apurado se torna o olhar clínico”, afirmou.
Sobre a polêmica em torno do toque retal, o radiologista foi cauteloso, mas realista: “É uma prática tradicional, mas já existem questionamentos sobre sua efetividade, principalmente porque muitas vezes o diagnóstico já vem com o tumor em estágio mais avançado. O mais importante é que o homem procure o médico, faça o PSA, avalie os fatores de risco e siga com o acompanhamento adequado.”
A 3ª Jornada de Urologia do Interior da Bahia é mais um exemplo do compromisso de Feira de Santana com o avanço da medicina no interior do estado.
“Quem é de Feira tem que ajudar a desenvolver nossa cidade e melhorar a qualidade dos serviços. Por isso estamos apoiando esse evento”, concluiu Dr. Marcos Miranda.