Feira de Santana realiza 4ª Conferência da Igualdade Racial com foco em políticas públicas e combate ao racismo
O evento reúne representantes da sociedade civil, de comunidades tradicionais, lideranças religiosas de matriz africana e autoridades públicas
A 4ª Conferência Municipal da Igualdade Racial de Feira de Santana foi aberta nesta segunda-feira (14), no auditório da Secretaria Municipal de Educação. O evento reúne representantes da sociedade civil, de comunidades tradicionais, lideranças religiosas de matriz africana e autoridades públicas com o objetivo de debater políticas de enfrentamento ao racismo e promoção da igualdade.
Presente na cerimônia de abertura, o prefeito José Ronaldo de Carvalho destacou a importância do respeito às diferenças e da construção de uma sociedade mais justa.
“Mais do que palavras, são as ações das nossas vidas que mostram como agimos e respeitamos o próximo. Sempre respeitei todas as pessoas, independente de cor, religião ou política. Ver esse encontro acontecendo, com tantos grupos representados, é motivo de grande alegria. Tenho certeza de que será um momento enriquecedor para a sociedade de Feira de Santana”, afirmou.
A conferência, organizada pelo Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir), com apoio da Secretaria Municipal de Educação (Seduc) e da Secretaria da Mulher, tem como foco a formulação de propostas que serão levadas às etapas estadual e nacional.
“Depois de 12 anos, retomamos essa conferência com o objetivo de combater o racismo institucional, religioso e todas as formas de injustiça presentes em nosso cotidiano,” declarou o presidente do Compir, Aristides Lopes Maltês.
“A sociedade civil precisa participar ativamente. Os debates que faremos nos eixos temáticos vão gerar propostas que podem se transformar em políticas públicas reais, com representantes eleitos para as conferências estadual e federal,” completou.
Um dos temas mais recorrentes nos debates é o racismo religioso. Segundo Lísian Barbosa, conselheira do Compir e representante da OAB, casos de intolerância têm se intensificado na cidade.
“Infelizmente, o racismo religioso é o que mais acontece em Feira de Santana. Temos relatos de casas de matriz africana sendo destruídas e pessoas violentadas sem acesso à justiça. Isso precisa mudar,” destacou.
Ela também enfatizou o papel da conferência como espaço de construção coletiva: “Esse encontro vai além de um simples evento. É um marco para a criação de propostas dentro dos eixos de igualdade, justiça racial e democracia. A ideia é aplicar essas ações em todos os âmbitos, nas escolas, nas comunidades quilombolas, nas ruas, e informar toda a população sobre seus direitos,” disse.
Questionada sobre o papel da OAB no enfrentamento ao racismo estrutural, Lísian afirmou: “Hoje temos representações negras em cargos de liderança na OAB de Feira e também em nível estadual. É uma mudança importante, ainda recente, mas necessária para garantir que as normas sejam aplicadas e respeitadas.”
O vice-prefeito e secretário de Educação, Pablo Roberto, ressaltou a relevância da conferência como espaço político de construção de políticas públicas duradouras.
“A educação tem tudo a ver com essa luta. A nossa diretoria de ensino está orientada para discutir pautas como diversidade e antirracismo em sala de aula, nas formações de professores e na vivência diária dos estudantes. O que for debatido aqui precisa se transformar em ações concretas para o município,” afirmou.
O evento continua nesta terça-feira (15) com a divisão em eixos temáticos, elaboração e votação das propostas e escolha dos delegados que representarão Feira de Santana nas próximas etapas da conferência.
*Com informações da repórter Isabel Bomfim