Feira de Santana e sua participação na Guerra pela Independência da Bahia: um marco histórico de resistência
De arraial estratégico a maior feira da Bahia, impulsionada pela resistência na Guerra da Independência
Durante uma conversa enriquecedora com o professor Jaime Magalhães, historiador, o programa De Olho na Cidade abordou a participação de Feira de Santana na luta pela independência da Bahia. Magalhães destacou como a cidade, hoje um dos maiores polos econômicos do estado, desempenhou um papel crucial no abastecimento das tropas durante o conflito contra as forças portuguesas no início do século XIX.
“A Bahia, naquele período, praticamente não tinha arsenal de guerra. Utilizava-se pelouros, que são balas de pedra esféricas, e as famosas itapororocas, pedras arredondadas que deram nome à Serra das Itapororocas”, explica o professor Jaime. A falta de material bélico adequado forçou a Bahia a pedir auxílio ao recém-formado Império do Brasil para enfrentar os portugueses.
Feira de Santana, que até então era apenas um arraial, foi escolhida como ponto estratégico para o reabastecimento das tropas brasileiras. “A feira que ocorria em Capuami, hoje Dias d’Ávila, foi transferida para Feira de Santana para evitar que os portugueses se apropriassem do gado que abastecia o exército”, comenta Magalhães, destacando a importância da cidade como centro de distribuição de carne para as tropas. “A carne de sol, que precisava ser transportada sem se deteriorar, começou a ganhar destaque nessa época”, acrescenta.
A Guerra pela Independência da Bahia trouxe um impacto profundo para o desenvolvimento da cidade. Segundo o professor, “Feira de Santana, após o conflito, continuou sua trajetória de crescimento, sendo oficialmente reconhecida como a maior feira da Bahia em 1828”. Esse reconhecimento veio junto com o título de vila, que foi concedido em 1833, tornando-se um marco na história da cidade.
“Ainda que fosse uma vila com um território grande, Feira de Santana incorporava cidades próximas, como Ipirá, Pedrão e Tanquinho”, ressalta Jaime. Ele também mencionou as dificuldades enfrentadas na época, como o assalto aos diplomas dos vereadores eleitos, um fato que exemplifica o contexto conturbado da época.
Outro ponto relevante abordado foi a mudança da feira de gado do Areal para o Campo das Gameleiras, fruto das instabilidades da Revolta Federalista, popularmente conhecida como Sabinada. A liderança de João Carneiro da Silva Rêgo, então presidente da província da Bahia, durante esse período de conflito, foi essencial para a organização e resistência da região.
Ao final da entrevista, o professor Jaime concluiu destacando o papel de figuras importantes, como Lucas da Penha, e o impacto das decisões da época, como a libertação dos escravos em Portugal em 1761, que não se refletiu imediatamente no Brasil, mas ecoou em reivindicações posteriores.
“Feira de Santana consolidou sua importância histórica ao longo dos séculos, sendo um ponto central na independência e no abastecimento das tropas brasileiras”, finaliza o professor Jaime Magalhães.
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