Feira de Santana contribui para aceleração de transplantes de córneas com a OPC
A equipe especializada já realizou 49 doações até o final do ano e, até janeiro de 2025, contabilizou 10 novas captações
O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) tem se destacado no estado da Bahia como um centro de referência na captação de córneas, especialmente após a implantação da Organização de Procura de Córneas (OPC), em setembro de 2024. A equipe especializada já realizou 49 doações até o final do ano e, até janeiro de 2025, contabilizou 10 novas captações, contribuindo para a redução da fila de espera por transplantes.
Em entrevista ao programa Jornal do Meio Dia, da Rádio Princesa FM, a biomédica Andréia Barreto, que integra a equipe da OPC, explicou como funciona o processo de captação e o impacto dessa iniciativa no sistema de transplantes.
“Antes, o serviço de doação de córneas era feito pela OPO, a Organização à Procura de Órgãos. Com a implantação da OPC, tivemos um crescimento significativo, com mais de trinta doações já realizadas”, destacou a profissional.
A OPC está vinculada ao Banco de Olhos do Estado da Bahia e realiza a busca ativa por potenciais doadores, que é um processo contínuo e ocorre todos os dias, 24 horas por dia. A equipe é composta por três biomédicas habilitadas a captar tecido ocular humano. Quando um doador é identificado, a equipe realiza uma entrevista com a família para obter o consentimento para a doação.
Segundo Andréia, um dos maiores desafios enfrentados é a abordagem das famílias, pois a doação de córneas depende da autorização dos parentes.
“No momento da entrevista, além de ofertar o direito à doação, esclarecemos todas as dúvidas sobre o procedimento e o impacto positivo que a doação pode trazer a outras pessoas”, explicou. Ela também ressaltou que, no estado da Bahia, mais de 1.700 pessoas estão na fila aguardando o transplante de córneas.
A especialista também esclareceu que, em geral, qualquer pessoa entre 2 e 75 anos pode ser doadora de córneas, desde que atendidos os critérios de viabilidade médica.
“A avaliação é feita pela equipe médica da unidade de saúde, que verifica se o paciente é ou não viável para a doação”, afirmou.
Outro ponto abordado foi a receptividade das famílias ao processo de doação. “Quando se fala em doação de órgãos, ainda existem muitos tabus. Algumas famílias têm dúvidas sobre como o corpo ficará, mas no caso da doação de córneas, o procedimento é rápido e realizado de forma cuidadosa”, explicou a biomédica. O processo de captação das córneas, segundo ela, é realizado de forma cirúrgica e não altera a aparência do paciente, o que tranquiliza muitas famílias.
Andréia também enfatizou a importância da conscientização sobre a doação de órgãos. “No Brasil, muitas pessoas se declaram doadoras em vida, mas a decisão final cabe à família. Por isso, é essencial conversar com os familiares e expressar o desejo de ser doador de córneas. Isso pode fazer a diferença para aqueles que estão aguardando um transplante”, completou.
Com a implementação da OPC e o trabalho contínuo da equipe do HGCA, espera-se que o número de doações continue a crescer.