Falta de medicamentos em Feira: situação só deve normalizar ano que vem
Causas globais são apontadas como principais fatores para o desabastecimento
O Brasil passa por uma fase de desabastecimento de remédios em diversas regiões. A falta de medicamentos tem afetado não só farmácias, mas hospitais e unidades públicas de saúde na maioria das cidades do País.
Entre as razões para a escassez, Ivanilson Amorim, representante que comercializa Natulab no Estado da Bahia, apontou as causas globais como principais fatores para o desabastecimento, entre eles o lockdown na China, a guerra na Ucrânia e a escassez de matérias-primas.
“Alguns pontos são bem importantes, podemos citar pelo menos dois que são a falta matéria-prima e insumos pra embalagem. Muitas vezes a indústria farmacêutica tem a matéria-prima e não tem insumos para a embalagem e esses fatores são bem importantes porque com todas essas paradas, esses lockdowns, com tudo isso que tem acontecido no mercado, a cadeia produtiva tem sido afetada e quando se fala de matéria prima, isso é ainda mais grave, porque o abre e fecha da China e as incertezas a respeito do Covid tem feito com que o mundo inteiro sofra com isso. Vale lembrar que a China é um dos maiores produtores mundiais de insumos farmacêuticos ativos e que o Brasil é totalmente dependente dessa potência global asiática e sem eles nós não conseguimos produzir nada. Além disso a gente tem que entender que o cenário geopolítico está muito nervoso, porque nós estamos vivendo uma instabilidade muito grande com essa crise entre Rússia e Ucrânia que tem afetado toda a cadeia produtiva, além da variação cambial que é um fator muito importante porque a própria indústria não consegue fazer uma previsibilidade de compra de matéria prima e isso afeta muito nosso mercado importador, o que faz com que alguns produtos se tornem inviáveis, visto que os produtos farmacêuticos no Brasil são tabelados, então eles não podem fazer reajustes mediante ao aumento da compra dos seus custos de produção.” Explica.
Ivanilson conta que no rol de substâncias em falta, constam antibióticos, antialérgicos e xaropes.
“Hoje nós temos visto um problema muito grande especialmente com os produtos líquidos, então antibióticos e xaropes tem sido os produtos com mais falta no mercado e isso tem afetado principalmente as crianças, trazendo muita preocupação a comunidade médica, porque a maioria dos produtos que são prescritos pra crianças, por causa da facilidade de absorção e de administração, são líquidos, então elas têm sofrido muito mais nesse momento.” Conta.
Segundo o representante, Ivanilson Amorim, ações voltadas para o avanço da tecnologia na indústria farmacêutica poderiam tornar o país autossuficiente na produção de insumos.
“Nós sabemos que o Brasil é um país gigante, ele é o sétimo maior consumidor de medicamentos do mundo, mas só produz 5% de todos os insumos que precisa, então por conta disso a dependência que nós temos no mercado externo faz com que soframos, muitas vezes, mais do que outros países. Se houvesse talvez mais investimentos, isso a longo prazo, em tecnologia pra se desenvolver mais insumos já que a gente é um país que tem um consumo muito grande de medicamentos e isso é muito importante, se talvez os governos através de políticas públicas junto com a iniciativa privada fizesse mais investimentos em tecnologia talvez a um médio, longo prazo esse problema pudesse ser resolvido.”
A previsão do setor é que a oferta do produto só seja normalizada no primeiro semestre de 2023.
“Há um consenso entre todos do segmento farmacêutico de que esse ano dificilmente esse problema vai ser 100% resolvido, talvez a partir do primeiro semestre de 2023 a gente comece a ver uma regularização no abastecimento e um melhor fornecimento de insumos e principalmente de matéria prima. O que resta para gente é torcer pra que isso tudo passe e que logo essa cadeia produtiva volte ao normal porque isso tem causado muita preocupação.” Afirma Ivanilson.
Em Feira de Santana a situação não é diferente, os medicamentos voltados para as crianças também são os que mais estão em falta na região, entre eles, dipironas, tylenol baby e amoxicilina, remédios considerados comuns nas casas das famílias.