Ex-ministro da Defesa pede desculpas ao TSE e nega interferência de Bolsonaro em relatório sobre urnas
Réu no processo, Paulo Sérgio Nogueira acabou confundindo o ministro do STF como “comandante”
O ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, pediu desculpas nesta terça-feira (10) por críticas feitas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante uma reunião ministerial gravada em 2022. Durante seu depoimento, o general, que é um dos oito réus do chamado “núcleo 1” da ação que investiga uma tentativa de golpe de Estado, afirmou ter usado palavras inadequadas ao se referir ao tribunal.
“Queria me desculpar publicamente por ter feito essas colocações naquele dia (…) em que eu trato com palavras inadequadas o trabalho do TSE”, declarou. “Foram palavras mal colocadas, dar a entender de chamar o TSE de inimigo, isso jamais, em tempo algum. E depois as coisas melhoraram sensivelmente. A assunção de vossa excelência [Alexandre de Moraes] à presidência do TSE facilitou minha vida”, completou.
Durante o interrogatório, Nogueira se confundiu ao se dirigir ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e o chamou de “comandante”. A gafe aconteceu enquanto o general relatava os bastidores de uma reunião em 14 de dezembro, na qual o então presidente Jair Bolsonaro (PL) teria apresentado uma minuta de golpe aos comandantes das Forças Armadas. “Eu me lembro como se fosse hoje, dizendo: ‘Não se fala mais nisso, homem’. Eu realmente acreditei. A reunião foi exatamente para fechar a questão e não se tocar mais nesse assunto, comandante. Perdão, ministro…”, disse o ex-ministro. Moraes reagiu com bom humor: “Isso é um elogio. Nas redes sociais, já recebi elogios piores”.
Nogueira também negou qualquer interferência de Bolsonaro no relatório técnico do Ministério da Defesa sobre as urnas eletrônicas. “O presidente da República jamais me pressionou a mudar o relatório só para o segundo turno, seja para alterar o relatório. É o que me deixa de cabeça quente. Esse relatório é o que o técnico assinou”, afirmou. Ele reiterou ainda que não entregou o documento pessoalmente ao ex-presidente: “Eu não despachei documento nenhum. Não levei relatório para o presidente assinar. O objetivo do relatório não era encontrar fraude, mas sim fiscalizar todo o processo eleitoral”.