Ex-delegada aponta como combater a violência contra mulher
Os primeiros sinais de violência contra mulher já devem ser denunciados
ESPECIAL MARÇO MULHER
De acordo com levantamento da Rede de Observatórios de Segurança, entre agosto de 2021 e julho de 2022, foram registrados 301 casos de violência contra a mulher na Bahia, o que representa aumento de 47% de casos violentos. Segundo a ex-delegada Martine Veloso, em entrevista ao De Olho na Cidade, muitos casos não são denunciados, porque as mulheres não encaram a violência como algo que precisa ser combatido.
“Buscamos conscientizar as mulheres sobre denúncias de violência, pois algumas delas acham que isso é normal. Muitas viram as mães sendo agredidas e achavam que aquilo era uma continuidade. Então sempre participamos de palestras em escolas e igrejas, e na zona rural criamos a delegacia itinerante”, afirma a ex-delegada, destacando que a falta de denúncia é sempre o pior problema.
Além da agressão física, o abuso psicológico também é configurado como violência, inserido no Código Penal pela Lei n. 14.188/2021 por meio do artigo 147-B. A penalidade prevista é de reclusão de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
“O abuso psicológico é uma das piores violências, e algumas mulheres já me relataram que era a cada dia elas se sentiam ainda mais submissas, devido as coisas que ouviam. Elas se transformavam em mulheres sem ação, doentes. É necessário que ao primeiro sinal, seja um empurrão ou qualquer menosprezo, ir procurar a Deam, fazer uma denúncia. A tendência é sempre piorar, então denuncie o quanto antes”, destaca.
Martine Veloso ainda ratifica que a falta de denúncia pode levar a consequências graves, como o feminicídio. Além disso, muitas crianças se tornam agressivas, por presenciar a violência ocorrida entre os pais.
A conscientização sobre a violência contra a mulher foi a principal missão da trajetória de delegada. Mesmo aposentada, Martine ainda trabalha voluntariamente em projetos sociais que visam combater esse problema.
Ligue 180 para entrar em contato com a Central de Atendimento à Mulher e denunciar casos de violência. A Central está disponível diariamente, 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. As denúncias são registradas e encaminhadas aos órgãos competentes.