Estomaterapia: a especialidade que salva vidas e transforma histórias
A estomaterapia é uma especialidade que cuida de pacientes com feridas complexas, incontinência urinária e fecal, e também de pessoas estomizadas
Uma especialidade ainda pouco conhecida, mas que tem mudado vidas, evitado amputações e dado dignidade a milhares de brasileiros: a estomaterapia. A Dra. Áquilla Chahinne, estomaterapeuta e feridóloga, falou sobre a importância desse cuidado especializado e como ele impacta diretamente a vida de pessoas estomizadas, aquelas que vivem com alguma comunicação entre o meio interno do corpo e o ambiente externo, como no caso da colostomia, gastrostomia e traqueostomia.
“Poucas pessoas já ouviram falar do estomaterapeuta. Ainda hoje há hospitais e clínicas que não possuem esse profissional. E isso é grave, porque essas pessoas precisam de reabilitação especializada”, explica.
A estomaterapia é uma especialidade que cuida de pacientes com feridas complexas, incontinência urinária e fecal, e também de pessoas estomizadas, ou seja, que utilizam bolsas para eliminação de fezes ou urina por causa de doenças ou cirurgias que alteraram o funcionamento normal do corpo.
“A bolsa de colostomia é uma das mais conhecidas, mas existem outras, como a urostomia, gastrostomia e traqueostomia. Todas representam uma mudança drástica na vida do paciente. Nosso papel é reabilitar, orientar e acolher”, reforça.
A profissional destaca que, muitas vezes, o maior desafio não é apenas físico, mas psicológico e emocional. Ela citou o caso de um paciente do SUS que, por não ter recebido orientações após a cirurgia, passou dias com um simples pano cobrindo a colostomia.
“Ele não sabia como cuidar. Não conhecia os dispositivos adequados. Isso expõe a pele a fezes, pode causar dermatite grave e levar até à necessidade de nova cirurgia. O estomaterapeuta entra justamente para evitar tudo isso”, relatou.
A reabilitação envolve escolha da bolsa correta, prevenção de lesões na pele, higiene, alimentação e até mesmo treinar o paciente para fazer a troca do dispositivo com autonomia.
“A gente capacita a pessoa para se olhar no espelho e cuidar de si. Isso resgata autoestima e dá independência”, completa a doutora.
De acordo com a especialista, só o câncer de intestino atinge cerca de 45 mil pessoas por ano no Brasil, e muitas delas precisam passar por colostomia, temporária ou definitiva.
“Além do câncer, há doenças inflamatórias intestinais, acidentes e outras condições que podem levar ao uso da bolsa. Mas, infelizmente, muita gente se esconde, não busca ajuda por vergonha ou desinformação”, alerta.
Durante o programa, ouvintes e pacientes da clínica Dr. Curativos, da qual a Dra. Áquilla é responsável, mandaram mensagens comoventes. Uma delas foi Terezinha de Jesus, que agradeceu o cuidado recebido.
“Se muitos conhecessem esse lugar, não haveria tantas amputações como hoje. Me tratam com amor. Aqui a gente é acolhido”, disse emocionada.
A especialista também lembrou da cantora Preta Gil, que passou por duas colostomias, uma temporária e outra definitiva, durante seu tratamento contra o câncer.
“Ela foi um exemplo. Disse que a bolsa salvou a vida dela e que era grata a Deus por poder viver. Mostrou que é possível ir à praia, ser feliz e ter qualidade de vida”, comentou Dra. Áquilla.
Hoje, há dispositivos que permitem que o estomizado nem precise mais usar a bolsa durante todo o dia. São sistemas de irrigação e tampas especiais que aumentam o conforto e a liberdade do paciente.
“Existe até a possibilidade de regressão da colostomia em alguns casos. O estomaterapeuta avalia cada situação e orienta o melhor caminho”, explica.
A Dra. Áquilla Chahinne atende na Clínica Dr. Curativos, localizada na Avenida Getúlio Vargas, no Edifício Ícone, sala 1107. Para agendar uma avaliação, o telefone é (75) 99300-9473. Também é possível acompanhar o trabalho da clínica pelo Instagram.
“Estamos de portas e braços abertos. Se você tem colostomia, gastrostomia, traqueostomia ou feridas de difícil cicatrização, procure um estomaterapeuta. Esse cuidado pode salvar sua vida.”