Especialistas detalham os benefícios da terapia hiperbárica e dos curativos avançados
A terapia hiperbárica, embora ainda pouco conhecida por muitos, tem origem no século XVII e vem sendo validada como um procedimento eficaz pela Agência Nacional de Saúde (ANS).
A terapia hiperbárica tem ganhado cada vez mais espaço no tratamento de feridas complexas e no processo de cicatrização, combinando tecnologia e ciência para oferecer resultados mais rápidos e eficazes. Para esclarecer mitos e destacar os benefícios dessa abordagem, o cirurgião plástico Dr. Marcus Marcel e a enfermeira hiperbarista Cíntia Costa participaram de uma entrevista no quadro Saúde em Pauta no programa Cidade em Pauta (Rádio Nordeste FM).
A terapia hiperbárica, embora ainda pouco conhecida por muitos, tem origem no século XVII e vem sendo validada como um procedimento eficaz pela Agência Nacional de Saúde (ANS).
“É um tratamento onde utilizamos oxigênio puro em uma pressão aumentada para potencializar e acelerar o processo de cicatrização”, explicou Cíntia Costa.
Segundo a enfermeira, quando uma pessoa sofre uma lesão – seja traumática, eletiva ou crônica –, o corpo inicia naturalmente o processo de cicatrização. No entanto, em alguns casos, esse processo pode ser comprometido devido a fatores como idade, comorbidades ou hábitos de vida.
“A terapia hiperbárica entra como um braço forte nesse processo, ajudando a evitar danos, acelerando a recuperação e até potencializando a ação de medicamentos”, ressaltou.
Dr. Marcus Marcel destacou que a terapia se baseia no princípio da dissolução dos gases, proporcionando uma maior penetração do oxigênio nos tecidos afetados.
“Dentro da câmara hiperbárica, o paciente respira oxigênio 100% puro sob uma pressão que pode ser de duas a três vezes o nível do mar. Isso permite uma absorção muito maior do oxigênio, beneficiando tecidos pouco vascularizados e auxiliando no tratamento de infecções, como as associadas ao pé diabético e a feridas de difícil cicatrização.”
Além do uso tradicional, a terapia hiperbárica tem sido aplicada em protocolos pré e pós-operatórios, ajudando na recuperação de pacientes submetidos a cirurgias.
“Hoje já temos atletas de alta performance, como Neymar, que possuem câmaras hiperbáricas em casa para acelerar a recuperação muscular. Recentemente, a influenciadora Virgínia usou a terapia após uma cirurgia mamária. Mas nós já fazemos isso há muito tempo”, acrescentou Dr. Marcus.
Outro ponto abordado na entrevista foi o avanço dos curativos no tratamento de feridas complexas.
“Tratar feridas não é tão simples quanto parece. Não basta apenas aplicar qualquer pomada ou substância. É necessário um acompanhamento especializado para definir a melhor abordagem para cada caso”, explicou Cíntia.
Ela destacou que os curativos modernos possuem tecnologias e ativos específicos, exigindo um conhecimento aprofundado por parte dos profissionais.
“Hoje somos franqueados da Cicatriclin, uma das maiores redes de tratamento de feridas do Brasil. No nosso centro, além da terapia hiperbárica, oferecemos um ambulatório especializado, onde realizamos diferentes abordagens, como laserterapia e terapia compressiva para úlceras venosas.”
A combinação entre a terapia hiperbárica e os curativos avançados tem mostrado resultados significativos, reduzindo complicações e prevenindo infecções hospitalares.
“O tratamento é definido de forma individualizada. A ferida nos ‘diz’ o que precisa: se necessita de mais umidade, se está colonizada por bactérias ou se requer uma abordagem antimicrobiana. O conhecimento do profissional é essencial para a escolha do curativo ideal”, explicou a enfermeira.
Critérios para indicação e benefícios
Para ser submetido à terapia hiperbárica, o paciente precisa passar por uma avaliação médica criteriosa.
“A indicação é feita exclusivamente pelo médico hiperbarista, que analisa o quadro do paciente e define a melhor abordagem. Já a escolha do curativo é feita em conjunto com a equipe de enfermagem, levando em conta as necessidades específicas da ferida”, explicou Dr. Marcus.
Entre os benefícios da terapia hiperbárica e dos curativos avançados estão a aceleração da cicatrização, a redução da dor e do inchaço, a melhora na vascularização do tecido e a diminuição do uso de medicamentos.
“O oxigênio hiperbárico tem ação bactericida e anti-inflamatória, além de estimular a produção de colágeno e fibroblastos, fundamentais para a regeneração da pele”, destacou Cíntia.
A crescente preocupação com infecções hospitalares e complicações no processo de cicatrização reforça a importância dessas tecnologias.
“A terapia hiperbárica não substitui os curativos, mas atua como um complemento poderoso no tratamento. Juntas, essas abordagens ajudam a reduzir riscos e garantir uma recuperação mais rápida e eficaz para os pacientes”, concluiu a enfermeira.