Especialistas debatem avanços nos medicamentos para emagrecimento
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passou a exigir receita médica para o uso de medicamentos como Ozempic, Saxenda e Wegovy.
O programa Cidade em Pauta, da Rádio Nordeste FM, trouxe no quadro Saúde em Pauta uma entrevista sobre um dos temas mais comentados da atualidade: as medicações para emagrecimento. O cirurgião plástico Dr. Marcus Marcel, conversou com a nutróloga Dra. Aline Jardim, que explicou os avanços, riscos e cuidados necessários no uso dessas substâncias.
Na última semana, a tenista Serena Williams estrelou uma propaganda que repercutiu em todo o mundo. A atleta apareceu aplicando uma caneta emagrecedora, mas a divulgação não era de uma marca específica e sim de uma empresa de telemedicina nos Estados Unidos, que prescreve medicações para controle de peso.
Para a Dra. Aline Jardim, a ação tem dois lados:
“É interessante ver uma atleta renomada mostrar que também enfrenta dificuldades para emagrecer, especialmente após a gestação. Isso aproxima a realidade das mulheres comuns. Por outro lado, precisamos reforçar que essas medicações só devem ser usadas com prescrição e acompanhamento médico.”
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passou a exigir receita médica para o uso de medicamentos como Ozempic, Saxenda e Wegovy. A decisão foi tomada após o aumento da compra sem orientação profissional, impulsionado pela fama das chamadas “canetinhas emagrecedoras”.
“As pessoas estavam comprando direto na farmácia ou até na internet, achando que tinham encontrado a solução da vida delas. O risco é enorme: perda de massa muscular, efeito sanfona e até complicações graves”, alertou a nutróloga.
Ela ainda destacou o perigo das versões manipuladas ou de seringas vendidas ilegalmente:
“Na internet, já vi até donos de lojas de roupa oferecendo seringa para emagrecer. Isso é gravíssimo, porque não se sabe o que está dentro do frasco.”
A Dra. Aline ressaltou que a obesidade não é apenas resultado de comer em excesso, mas pode estar ligada a questões metabólicas e até dependência dopaminérgica, quando a pessoa busca prazer em comida, açúcar, telas ou álcool.
“Não existe milagre. Se a paciente come mal, sem proteína e nutrientes, a medicação pode até reduzir o apetite no início, mas depois vem o reganho de peso. Por isso, é fundamental mudança de estilo de vida e acompanhamento médico.”
Entre os fármacos disponíveis atualmente, a especialista destacou o Mounjaro como o mais completo.
“Hoje ele é a melhor opção porque atua diretamente no centro da fome, reduz gordura visceral, melhora resistência insulínica e ajuda até em doenças como diabetes e esteatose hepática. Mas não é para todos os pacientes e deve ser usado com critério.”
Dr. Marcus Marcel, trouxe uma questão prática: a suspensão das medicações antes de cirurgias.
“Pelas diretrizes atuais, recomendamos suspender o uso em torno de 21 dias antes da cirurgia, por risco de broncoaspiração. Isso vale não apenas para procedimentos plásticos, mas também para endoscopias e colonoscopias com sedação.”
Ele explicou ainda que nos Estados Unidos já se discute reduzir esse prazo para 14 dias, enquanto no Brasil pode haver mudanças para até uma semana, dependendo do perfil do paciente.
“Suspender o medicamento em diabéticos, por exemplo, pode causar descompensação da doença. Então, precisamos avaliar caso a caso.”
Dra. Aline reforçou que o tratamento é um processo conjunto entre médico e paciente:
“A medicação pode ajudar muito, mas não faz milagre. O paciente é corresponsável pelos resultados. Precisa mudar a rotina, cuidar da alimentação e ter acompanhamento.”
Ela deixou ainda um recado ao público:
“Quem quiser mais informações pode me acompanhar nas redes sociais @draalinejardim ou no Instituto da Plástica Feira, onde temos uma equipe completa para cuidar de você de dentro para fora.”