Especialistas alertam para o alto índice de obesidade infantil
Para especialistas, os principais pontos a serem abordados nas campanhas são a urgência na melhora do perfil alimentar das crianças e o estímulo a atividades físicas.
Os dados relativos à obesidade infantil são alarmantes. O índice cresceu oito vezes em quatro décadas e a doença hoje é considerada um dos maiores problemas de saúde pública pediátrica. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), o número de crianças obesas no mundo deve chegar a 75 milhões até 2025. No Brasil, por exemplo, uma em cada três crianças, entre cinco e nove anos, está acima do peso, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Como forma de dar visibilidade ao tema e alertar a população sobre a necessidade da prevenção, foi estabelecido o Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil, que transcorre em 3 de junho. Para especialistas, os principais pontos a serem abordados nas campanhas são a urgência na melhora do perfil alimentar das crianças e o estímulo a atividades físicas.
O médico ortomolecular, Caiaque Petronilo, da Clínica da Obesidade, especialista no tratamento da doença, destaca que a mudança do padrão alimentar, associada à reduzida prática de atividades recreativas, é o fator que mais contribui para este cenário. “As crianças estão cada vez menos interessadas em se exercitar e a pandemia piorou ainda mais. Ficaram mais ansiosas, angustiadas, sem poder ir à escola, com menos atividades ou nenhuma”.
Para ele, o que se pode fazer para reverter a situação, é evitar oferecer refrigerantes, biscoitos, salgadinhos e doces, bem como tirar as crianças da frente das telas, incentivando atividades ao ar livre. “O ideal é deixar esse tipo de produto para as exceções, nos finais de semana, por exemplo, e tornar as crianças mais ativas. A pandemia contribuiu muito para esse sedentarismo. Mas, agora, seria bom matricular em escolinhas de esportes, para fazer atividades regulares”.
A nutricionista Bruna Chaves, do IRSI (Instituto de Responsabilidade Social INTS), revela que cada vez mais crianças estão ingressando no ensino fundamental com sobrepeso e obesidade, e isso precisa ser freado. “A conscientização de uma boa alimentação começa na introdução alimentar, com o estímulo ao consumo de verduras e legumes, através de preparações caseiras, evitando industrializados”.
Bruna explica que o excesso de peso infantil reflete diretamente no acometimento de doenças crônicas como diabetes, hipertensão e até mesmo no aumento do risco da mortalidade infantil, sem contar com os danos psicológicos, como baixa autoestima e transtorno alimentar.
Pensando nisso, o IRSI realiza mensalmente ação de nutrição em escolas da rede pública de ensino de Salvador. Durante o encontro, é realizado um mapeamento do perfil nutricional e avaliação do consumo alimentar de cada estudante, bem como atividades educativas. “Nós levamos as informações de forma mais lúdica e participativa, para que as próprias crianças tenham consciência do que é mais saudável e aprendam desde cedo a fazer boas escolhas”.
No mesmo viés, a Clínica da Obesidade também trabalha o lado lúdico durante o tratamento. O paciente recebe todo suporte nutricional adequado para a idade, com aulas bem dinâmicas para entender melhor o processo. De acordo com Petronilo, as atividades são definidas de acordo com o perfil de cada criança, com recreações, exercícios com bola e na areia, por exemplo. “Tudo é pensado para estimular as crianças a conseguirem se alimentar melhor, se exercitando, para alcançarem o objetivo do tratamento da obesidade, que é perder peso. E o melhor, quase sempre sem uso de medicação”, finalizou.
Fonte: Ascom