Saúde

Especialista explica como prevenir e tratar feridas crônicas: “Educação e acompanhamento são essenciais”

No Brasil, 85 amputações são realizadas diariamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

19/01/2025 06h06
Especialista explica como prevenir e tratar feridas crônicas: “Educação e acompanhamento são essenciais”

Em entrevista ao programa Jornal do Meio Dia, a estomaterapeuta e feridóloga Aquila Chahinne destacou a importância da conscientização e do tratamento adequado para feridas crônicas, condições que podem levar a complicações graves, como infecções e até amputações. Aquila explicou como sua profissão se dedica a ajudar pacientes que enfrentam desafios na cicatrização de ferimentos.

“Feridas crônicas são aquelas que ultrapassam quatro semanas sem sinais de cicatrização. Isso já é um sinal de alerta e precisa ser investigado”, disse a especialista. Segundo ela, essas feridas geralmente estão associadas a doenças de base, como diabetes e problemas circulatórios, além de práticas inadequadas no tratamento inicial.

Ela também destacou como o controle de doenças como diabetes é fundamental para a evolução do tratamento.

“Se o paciente diabético não controla bem a glicemia, fica muito difícil ter sucesso na cicatrização. Antes de tudo, é necessário controlar as comorbidades, porque o açúcar elevado no sangue dificulta diretamente o processo inflamatório e, consequentemente, a cicatrização”, explicou.

Aquila abordou como a alimentação pode influenciar o processo de cicatrização. “Alimentos ricos em ferro, vitamina C e proteínas ajudam na recuperação, enquanto alimentos inflamatórios, como embutidos e alimentos açucarados, devem ser evitados. Em Feira de Santana, falamos de evitar comida ‘remosa’. Lá em Aracaju, chamamos de ‘carregada’, mas o conceito é o mesmo”, brincou.

Aquila também apresentou a terapia por pressão negativa como uma solução inovadora para tratar feridas mais graves.

“É uma técnica que utiliza pressão a vácuo para estimular a formação de tecido saudável e absorver os fluidos que a ferida libera, acelerando o processo de cicatrização”, explicou.

Porém, segundo a especialista, a maior dificuldade está em lidar com infecções. “Infecção é o grande problema que leva muitos pacientes à amputação. Muitas vezes, isso ocorre porque o paciente utiliza métodos caseiros inadequados, como chás ou pó de café, que podem agravar a ferida. O uso incorreto de produtos também pode gerar infecções que, em alguns casos, levam a complicações severas e até infecções generalizadas.”

A conscientização do paciente é um ponto crucial, enfatizou Aquila. “Já acompanhei pacientes com até 40 anos de feridas. O comprometimento do paciente é o principal fator para o sucesso do tratamento. Ele precisa entender a importância do acompanhamento médico e dos cuidados em casa, como higiene e alimentação. O que se faz no dia a dia reflete diretamente no tempo e no sucesso da cicatrização.”

Ao final, Aquila trouxe um dado alarmante: no Brasil, 85 amputações são realizadas diariamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“Muitas amputações começam de algo simples, como um calo ou uma bolha, que se transforma em ferida por falta de cuidados adequados. Quanto mais cedo o paciente buscar ajuda profissional, menores são as chances de complicações graves.”

Para quem deseja mais informações, Aquila disponibilizou seu Instagram, @dr.curativos, e o telefone de contato (75) 99300-9473. “Estamos à disposição para ajudar. Quanto mais rápido o tratamento começa, melhores são os resultados”, concluiu.

Comentários

Leia também

Saúde
Dieta, emagrecimento e cirurgia plástica: especialistas destacam importância da abordagem interdisciplinar

Dieta, emagrecimento e cirurgia plástica: especialistas destacam importância da abordagem interdisciplinar

Segundo os especialistas, o sucesso de um procedimento estético depende diretamente dos...
Saúde
Pediatra levanta debate sobre impactos das telas na saúde infantil

Pediatra levanta debate sobre impactos das telas na saúde infantil

A médica pediatra e hebiatra Dra. Cintia Filomena afirma que o problema não se restringe...
Saúde
A invisibilidade das doenças raras: Cardiologista e ativista debatem os desafios por diagnóstico e tratamento

A invisibilidade das doenças raras: Cardiologista e ativista debatem os desafios por diagnóstico e tratamento

No Brasil, estima-se que 13 milhões de pessoas vivam com algum tipo de doença rara.